Só podemos congratularmo-nos com a grande derrota eleitoral do presidente turco Recip Erdogan nas eleições de ontem. Ele que ansiava por uma grande maioria de 3/5 de deputados, que desse corpo às suas ambições ditatoriais, viu-se sem sequer chegar à maioria absoluta.
Contribuiu para tal a votação de mais de 14% dos eleitores no Partido Democrático do Povo que confirmaram a tendência europeia para a afirmação de forças políticas, que costumavam ser conotadas com a extrema-esquerda e cujas propostas, a exemplo do Syriza ou do Podemos, assumem cada vez mais uma expressão revitalizada dos valores socialistas.
É possível que Erdogan continue a manter as rédeas do poder contando para tal com uma possível coligação com a extrema-direita nacionalista. Conseguirá, assim, manter um controlo férreo na comunicação social (onde quase só passa aquilo que quer!), na justiça e na administração. Mas, numa Turquia cujo crescimento económico conheceu um súbito arrefecimento e em que o desemprego, sobretudo o dos jovens, se tornou num problema explosivo, pode-se pressupor que o sonho erdoganiano está condenado a estilhaçar-se.
Talvez se torne, assim, possível melhorar o estado das coisas na região já que ele é tido como um dos principais apoiantes e financiadores do Daesh, que tantos crimes vêm cometendo nos países vizinhos.
Para os turcos pressente-se a alvorada de um tempo novo, que se começara a anunciar com a forma corajosa como há dois anos resistiram nas lutas do parque Gezi.
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