O tema já está a tornar-se por demais repetitivo mas, ontem à noite, quando comparei os telejornais da SIC e da RTP-1 para saber as últimas novidades sobre a alteração das medidas de coação de José Sócrates e sobre a convenção do PS, tive de reconhecer uma diferença de tomo no respeitante à objetividade com que tais assuntos, sobretudo o segundo, foram tratados: apesar de tutelada por poiares maduro a televisão estatal consegue ser bem mais honesta do que a de Balsemão, definitivamente entregue a fórmulas bem conhecidas de manipulação da informação.
Enquanto a RTP apresentava o essencial dos argumentos enunciados por António Costa para criticar a coligação PAF, a SIC selecionou tudo quanto justificasse a tese sublinhada com um comentário em rodapé: o PS ter-se-ia mostrado dividido sobre a questão da TSU. Acrescentando os comentários de Anabela Neves sobre o pouco entusiasmo da assistência perante os discursos de quem subia ao palanque e a suposta convicção da impossibilidade de uma maioria absoluta, o canal de Carnaxide tudo fez para menorizar um acontecimento, que, na realidade, mais demonstrou a superioridade das propostas socialistas em relação ao vazio da direita.
Para os “jornalistas “ da SIC de pouco importou que o programa socialista tivesse sido validado por uma enorme maioria, com apenas um voto contra e sete abstenções. Pretenderam, sim, dar ênfase às críticas de Maria do Rosário Gama (cujas opiniões eu não subscrevo apesar de também ser um dos reformados de cuja representatividade ela se reclama) ou aos subentendidos despeitados de Álvaro Beleza e Eurico Brilhante Dias, ainda inconformados com a derrota nas primárias de setembro passado.
Temos, assim, a SIC a ouvir três dos poucos participantes que se mostraram em desacordo com a grande maioria de quantos se apresentaram no Coliseu para validar a estratégia do secretário-geral. Destas centenas de militantes nenhum mereceu a atenção das suas câmaras.
Ao contrário, na RTP, apesar de se dar a conhecer a argumentação da professora coimbrã, houve a preocupação de dar expressão a quem possui uma perspetiva oposta como foi o caso de Vieira da Silva.
Nos próximos meses a SIC não deixará de repetir milhentas vezes as suas suposições mentirosas. Esperemos que a RTP continue a repetir o desempenho de hoje diferenciando-se na decência com que cumpre o serviço público de informar os seus espectadores.
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