terça-feira, 23 de junho de 2015

Pesadelos balcânicos

Escrevo a altas horas da madrugada, quando passos coelho e cavaco silva estão provavelmente a ter sonhos turbulentos, senão mesmo pesadelos com quanto viveram nesta segunda-feira do seu desencantamento.
Estava tudo tão bem encaminhado para partilharem com schäuble o regozijo pela definitiva condenação dos irreverentes helénicos, quando o chato do draghi ganhou ascendente na maioria dos que compareceram nas cimeiras de Bruxelas, lembrando-lhes o quão imprevisível poderia ser o desenlace do anunciado default.
Já ninguém terá estado disposto a escutar os protestos da tropa fandanga do paralítico alemão, porque a palavra de ordem passava a ser a de chegar a acordo a todo o custo.
De repente os tais «cofres cheios» perderam toda a razão de ser enquanto arma de arremesso na campanha eleitoral e a atoleimada referência de cavaco à impossibilidade de exceções às regras europeias ficou registada como mais uma redundância ao que há muito se concluiu: se a sua primeira passagem pelo poder, enquanto primeiro-ministro, fora uma tragédia, o regresso enquanto presidente está a ser uma farsa patética.
Por muito que a imprensa, despudoradamente de mãos dadas com o governo, insista até à náusea na derrota de Tsipras, supostamente rendido aos ditames troikeiros, a maioria dos que irão às urnas em outubro terão ciente uma conclusão evidente: a exemplo da irredutível aldeia de Asterix, os gregos insurgiram-se contra a tosca versão imperial dos nossos dias e, mesmo sem poções mágicas, trataram de a fazer recuar.
Quem disse que não existiam alternativas? 

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