sexta-feira, 19 de junho de 2015

A luta dos gregos é também a nossa!

A influência judaico-cristã estará provavelmente na origem da simpatia generalizada dos portugueses para com os gregos, neste momento preciso em que os veem encostados contra a parede e com a espada a ameaça-los trespassar.
Bem podem querer machete e cavaco silva virar o filme do avesso para os apresentarem como chantagistas, que essa mentira descarada não passa. Nestas semanas de notícias sucessivas sobre os impasses e os  falsos acordos iminentes nas negociações, o lado da ameaça e da chantagem tem estado sempre do lado dos credores.
Cientes de que, nesta altura, os gregos defendem as nossas próprias pensões de reforma e os nossos direitos laborais, os portugueses discordam maioritariamente  que, nas reuniões do Eurogrupo ou nas cimeiras de líderes europeus, maria luís albuquerque de um lado e passos coelho do outro, façam por atirar mais lenha para uma já bem ateada fogueira. Estamos numa espécie de luta mortífera entre David e Golias e quase todos anseiam pela vitória do primeiro.
É que, como denunciou Catarina Martins na Assembleia da República, servindo-se dos dados fornecidos pela edição de ontem do «Financial Times», dos biliões de dólares supostamente emprestados à Grécia apenas 1 em cada 10 serviu para medidas de apoio previstas no memorando de entendimento, já que quase 9 em cada 10 foram parar diretamente ao sistema financeiro alemão e francês. Agora, para que os lucros dos bancos dos dois principais países da União não sejam postos em causa, os gregos são instados a pagarem não só o que lhes foi emprestado diretamente, mas também o que foi embolsado pelos verdadeiros donos de merckel e de Hollande.
Ao fim de quatro meses de negociações, ou da sua aparência, já que de um lado da mesa tem sempre imperado a má-fé de quem pretende derrubar o seu governo progressista, é forçoso reconhecer em Alexis Tsipras, a Varoufakis e nos demais ministros gregos, uma coragem e uma determinação, que merecem ser bem sucedidas. E é essa a única arma de que dispõem contra umas centenas de interlocutores fanatizados por conceções cujas consequências dramáticas estão já bem à vista de quem as queira ver.
Mostrando a fibra de serem mais do género de quebrar do que de torcer, os governantes gregos estão a confrontar as instituições europeias com os labirínticos impasses em que as suas mentes burocráticas as precipitaram. E com a corda a partir-se não serão povo grego a ficar pior do que já está: provavelmente chegar-se-á a uma situação em que os demais povos europeus, ainda mais causticados pelo dogmatismo austeritário dos seus governantes, sentirão finalmente a necessidade de imitarem os gregos na decisão de dizerem não a quem os humilha e ofende…

Pena é que não se tenham levantado mais cedo num movimento pujante de solidariedade com quem , cuidando de si, é afinal por todos que está a lutar!

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