sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A Coragem de uns, a cobardia mesquinha de outros

É muito oportuna a publicação do livro de Fernando Pereira Marques «Uma Nova Concepção de Luta» em que o tema é a atividade da LUAR nos últimos anos de existência do Estado Novo.
Havendo ainda tanto por conhecer do que foram esses anos difíceis em que se enviavam milhares de jovens para as guerras de África e tudo se fazia para lhes silenciar as aspirações a uma vida diferente, o contributo do antigo deputado socialista vem cobrir uma lacuna, que estava por preencher.
A abordagem na primeira pessoa de alguém que conheceu as atividades, que exasperaram, amiúde, o regime fascista e tornou Palma Inácio e Camilo Mortágua em  seus inimigos de estimação, que  Pide se esforçava por neutralizar, coincide com alguns ataques hediondos de gentinha da direita a Mariana Mortágua a propósito do imposto sobre o Património e que se explicaria por ser “filha de quem é” como se isso constituísse um insulto, em vez de um gratificante motivo de orgulho..
Os autores de tais atoardas, por se revelarem uns meros imbecis, não merecem qualquer atenção, mas fiquemo-nos pela constatação de que bem gostariam de ter uma parcela, mesmo que muito pequena, da coragem desses lutadores antifascistas. Porque as alusões desonestas só significam manifestações de cobardia cívica.
Mesmo sabendo-se que eram mais homens de ação do que de pensamento ideológico estruturado, e que eram olhados com suspeição pelos comunistas, os dirigentes da LUAR tinham um fibra admirável. Porque arriscar seriamente a pele para confrontar o regime com a sua degenerescência,  serviria para acelerar o advento do 25 de abril e exigir uma sociedade mais justa, completamente diferente da que tentavam diariamente demolir.


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