Há um discurso instituído de estarmos em estagnação, que se tem dramatizado como se fosse problema novo, quando ele tem um historial longo atrás de si e até contou, durante os quatro anos de Passos Coelho, com um assinalável recuo.
Falseia-se não só a realidade falando de uma suposta bancarrota de 2011 sem nela aplicar a causa próxima da crise internacional de 2008, mas também esse crescimento (que está efetivamente a acelerar-se!) sem atender aos fatores fundamentais em vias de o alavancarem.
Não é explicito o editorial desta semana do Pedro Santos Guerreiro no «Expresso» em como os apoios do quadro 2020 ainda não começaram a chegar à economia, porque os candidatos são tantos, que é moroso identificar, de entre eles, os que possuem maior potencial? Segundo esse texto o que está em causa não é a falta de interessados em lançar novos investimentos, mas existir uma tal crise de abundância, que o maior risco é começar a distribuir aleatoriamente os apoios sem cuidar de serem eles os de maior valor acrescentado.
Importunam-me as críticas dos que dizem estar este governo obcecado com o défice, quando eram eles próprios a justificarem todas as malfeitorias de Passos Coelho em nome desse «superior interesse da Nação».
António Costa está a revelar-se sábio na forma como anda a frustrar tais críticos retirando-lhes todos os argumentos: não lhes dá ensejo para criticarem a necessidade de orçamentos retificativos, que eles tanto desculpavam ao antecessor, e muito menos permite às instituições europeias, que encontrem nos desequilíbrios orçamentais os alibis para imporem pela força a (péssima) solução anterior.
É por isso que, se dantes, e mesmo sabendo o quanto elas (pouco) valem, ia olhando com expetativa as sondagens para constatar a progressiva distância entre a esquerda e a direita nas previsões eleitorais, agora que elas vão progressivamente dando conta desta realidade socialmente consolidada, vou transferindo a atenção para os números dos indicadores deste trimestre, ciente de constituírem bons motivos para esses zelosos críticos meterem a viola no saco.
Como dizia o ministro da Economia, nesta altura deste ano estamos bem melhor do que em situação homóloga do anterior, e daqui a doze meses, sentir-nos-emos igualmente em situação bem mais favorável do que hoje.
Por quanto tempo continuaremos a ser atazanados pelo zumbido irritante de tais melgas, obtendo finalmente o seu eficaz repelente?
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