Motivos de força maior afastaram-me - e prometem continuá-lo a fazer por mais alguns dias! - do que se vai publicando e exibindo nos meios de comunicação social do país. Mas nos intervalos das ocupações de circunstância tenho percebido que o autoproclamado saloio de Mação tem sido sujeito à mordacidade da maioria dos que, sobre a entrevista à SIC, se têm pronunciado Viu-se isso mesmo no «Eixo do Mal» desta noite onde além do expectável Daniel Oliveira, e dos mais ambíguos Pedro Marques Lopes e Clara Ferreira Alves, até o radical da direita Luís Pedro Nunes não conseguiu senão gozar com o carácter aleivoso do personagem.
Se Sócrates tem sentido um injusto isolamento à sua volta, ficará confortado perante uma atuação, que até o próprio Marcelo veio implicitamente criticar. É que, julgando criar uma onda de simpatia à sua volta, o juiz de instrução só conseguiu tornar mais evidentes os motivos da sua sanha persecutória contra o antigo primeiro-ministro: o despeito por ter visto reduzido o ordenado, a incapacidade para fazer amigos, a predileção pelo que existe de mais kitsch na cultura p’rapular - queria dizer popular! - enquanto o seu odiado arguido se passeia por ambientes glamourosos, donde se sentiria excluído se se atrevesse a visitá-los.
Mas o «Expresso» deste sábado ainda nos trouxe uma informação adicional, que não deixa de surpreender: o juiz terá conseguido aprovação da ministra para um equipamento destinado a filmar todos os interrogatórios a que sujeitar as vítimas do seu poder absoluto.
Qual será o objetivo? Já não basta que aterrem no «Correio da Manhã» as peças fundamentais dos processos, pretender-se-á facilitar matéria noticiosa à televisão desse falido grupo da Cofina, como já aconteceu com as imagens do ex-ministro Macedo? Ou este convívio com as câmaras terá convencido o rude personagem de que se tornou subitamente num Brad Pitt ou num George Clooney, e pretenderá ver imortalizada a sua luta contra o que considera o «crime organizado»?
Talvez por isso deseje ver transplantados para Portugal os indecorosos processos da (In)Justiça brasileira, que baseia a condenação dos inocentes na delação dos criminosos. É que, enquanto os bufos fossem-lhe testemunhando o que lhes encomendara, ele poderia descansar afivelando o que imaginaria ser a expressão carismática perante a câmara.
Onde isso o poderia levar? Ao universo da banda desenhada onde os super-heróis costumam ser tão saloios quanto ele se proclama, antes de vestirem as suas fatiotas reluzentes? Ou julgaria possível os portugueses voltarem a aceitar para os lugares de poder outra saloiice ao nível da que, preteritamente, veio de Santa Comba Dão ou de Boliqueime?
Como é que o governo foi levado a financiar a experiência cinematográfica do pretenso justiceiro, quando tudo legitimaria que, amanhã, ao começar de nova semana, as portas do seu gabinete lhe fossem vedadas? É que vimo-lo esticar-se muito para além dos limites admissíveis num país, que está obrigado a melhorar a péssima imagem a que chegou o setor da Justiça!
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