A questão do imposto sobre o património, que tem causado tanto ruído em gente que vai dos partidos de direita, aos seus apoiantes mais notórios, chamem-se eles José Gomes Ferreira ou Miguel Sousa Tavares, é muito mais importante do que a mera chicana política em que está transformada. Ou a esquerda põe os pontos nos is e demonstra que quem tem um património acima dos 500 mil euros não é classe média, ponto, ou perderá um combate ideológico em que a maioria dos portugueses será levado a apoiar o esbulho dos seus rendimentos para que os suspeitos do costume continuem a acautelar os seus em paraísos fiscais e outras alternativas engendradas por advogados daqueles cartórios onde o conceito de Justiça é definido como a melhor forma de agravar as desigualdades sociais.
Ainda ontem, na sua sempre imprescindível crónica semanal, o José Vítor Malheiros lembrava aquele ex-diretor-geral da Autoridade Tributária, que lembrou há já quase um ano, que as 900 famílias mais ricas de Portugal, com património superior a 25 milhões de euros ou rendimento médio anual acima de cinco milhões, representavam uma percentagem da receita de IRS, da ordem dos 0,5%, quando seria de esperar, de acordo com a lei, que pagassem 50 vezes mais.
O que a esquerda tem de invocar todos os dias se necessário, é que para esses pagarem tão pouco, a classe média está a pagar muito mais. E isso justifica a alteração drástica da política fiscal por muito que isso desagrade aos até agora privilegiados e o próprio Marcelo a tente travar.
Trata-se de uma questão de Justiça, mas também de alterar os paradigmas mentais que a direita tenta fazer prevalecer no imaginário coletivo dos portugueses.
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