1. Se há algo que se exige a um político é a grande seletividade dos atos públicos em que participa. Se são ações de propaganda do seu partido será desejável, que não se exponha à imagem boçal tão típica de Alberto João Jardim, ou à simplesmente ridícula de Paulo Portas, quando visitava feirantes. Mas esse critério ainda deve ser mais escrupuloso noutras intervenções mediáticas não diretamente relacionáveis com essa ação política.
Causa, pois, até algum constrangimento saber que Passos Coelho irá ser o apresentador do mais recente vómito em forma de livro, publicado pelo pseudoarquiteto Saraiva, que decidiu despedir-se da atividade pasquinóide com a descrição de todos os rumores sexuais, que ouviu nas últimas décadas sobre os mais diversos políticos, vivos ou falecidos, com preponderância obvia para os que pertencem ao espetro político da esquerda.
Quando no twitter, circula uma imagem do ainda líder do PSD com uma revista pornográfica na mão ela é bastante oportuna! É que muitas vezes a política pode associar-se a formas do que poderemos designar como pornografia moral, mas, neste caso em concreto, temo-la de mãos dadas com o que Júlio Machado Vaz poderia classificar como pornografia pura e dura...
2. Se na sua oportunista tentativa de enlamear pessoas e transformar rumores em convicções, o biltre Saraiva irá fazer seguramente um bom negócio - há sempre gente desprezível, que satisfaz a vocação de espreitar pelas fechaduras dos vizinhos nesse tipo de obscenidades -, convenhamos que, na «Quadratura do Círculo», outro figurão da direita, Lobo Xavier, deu-me que pensar com a insinuação, que produziu sobre o juiz Carlos Alexandre: tendo em conta que ele se dá como homem de gastos modestos e sem vícios de maior, como explicar que se considere tão mal pago com os 3000 euros limpos, que aufere de vencimento, mais os 620 euros de «subsídio de habitação»? Que vícios privados se esconderão por trás das suas tão proclamadas virtudes públicas?
A imaginação pode prestar-se a múltiplas possibilidades, mas no que Lobo Xavier tem plena razão é na exagerada complacência com que essa hipocrisia do juiz está a ser correspondida pela generalidade da população. É que Cavaco foi muito merecidamente criticado por dizer algo de semelhante a propósito das suas remunerações. Porque será que Carlos Alexandre está a ser poupado ao anátema das barbaridades, que proferiu, sobretudo por aquela enormíssima maioria dos portugueses, que gostariam de contar mensalmente com as remunerações, que o Estado português lhe propicia?
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