Ao escolher João Almeida e Carlos Abreu Amorim para discursarem na reabertura dos trabalhos parlamentares, a direita definiu bem o tipo de estratégia, que prosseguirá nos próximos meses: o recurso ao tom caceteiro de quem pretende aumentar os decibéis para fazer esquecer aos portugueses os cortes e os violentos impostos a que os sujeitaram e insurgindo-se com indignações de falsas virgens aos supostos pecados das esquerdas.
Ademais, e julgando que o nível médio da inteligência nas bancadas à esquerda equivale ao seu, os deputados da direita imaginam-se potencialmente bem sucedidos na tática de quererem dividir para reinar. Por isso mesmo, em vez de concentrarem as críticas no PS sobre o qual pouco conseguem argumentar, procuram provocar o Bloco e o PCP, esperançados em os verem, mais cedo ou mais tarde, retirarem o apoio ao governo. A estratégia é tão evidente, que não merece a irritabilidade pressentida nalguns deputados da maioria parlamentar. Nesta altura até se ajuizaria benéfica a estratégia de deixar os cães a ladrar e prosseguir no caminho até agora trilhado.
O pior castigo que se podem dar aos almeidas e aos amorins é atirar-lhes com a mais determinada das indiferenças. Afinal o Parlamento é local demasiado importante para, em vez de falar de Política com P grande, se responder na dimensão rasteirinha dos que só se sentem bem ao nível da mera intriga.
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