À medida que as sucessivas sondagens vão confirmando o significativo aumento da distância eleitoral entre a maioria parlamentar de esquerda e a oposição de direita, tenho visto confirmada a perspetiva de contarmos com António Costa para uma profunda e duradoura transformação do país no sentido de um maior desenvolvimento e diminuição das desigualdades.
Só me posso congratular, por isso mesmo, com o facto de ter aderido à sua candidatura às Primárias para secretário-geral do Partido Socialista desde o primeiro momento em que a anunciou, e o tenha apoiado ulteriormente sempre que a ocasião se apresentou, seja para liderar a lista socialista às legislativas de outubro de 2015, seja para se recandidatar durante o mais recente Congresso do PS.
Já verificáramos na Câmara Municipal de Lisboa o aumento das suas votações em sucessivos atos eleitorais pela capacidade com que ia transformando a cidade e torná-la numa das mais mediáticas nas revistas de viagens de todo o mundo. Uma das razões, afinal, para as cada vez maiores receitas da indústria do turismo na capital de ano para ano.
Compreende-se, também, o desespero causado na direita que, ora reage em estado catatónico como é o do PSD, ora de hiperagitação no caso de Assunção Cristas. Que os dois partidos parecem cada vez mais distanciados um do outro é um facto, e não apenas por causa dos discursos sobrepostos no mesmo horário dos telejornais, nem tão pouco relativamente à putativa candidatura da líder pêpista à mais importante autarquia do país. É que o PPD de Passos e Montenegro desabituou-se de tal forma de pensar pela própria cabeça, «comprando chave na mão» os ditames vindos da troika, que se descobriu sem outro discurso, que não o da catástrofe e do autoelogio pelos cortes nas pensões e nos rendimentos dos funcionários públicos nos últimos anos. Já no PP a questão é outra: ideologicamente com outra consistência, Assunção & Cª tudo farão para travar uma dinâmica, que tenderá a minimizar-lhes progressivamente os argumentos para que continuem a defender a lógica do mercado livre, das privatizações e das desregulamentações, mormente na área laboral.
É por isso mesmo que, se nas rentrées dos partidos da direita, os discursos reproduziram essa distinção ideológica entre as duas antigas vertentes pàfistas, o de António Costa em Braga, no encerramento de um encontro promovido pela Juventude Socialista, foi esperançoso, otimista e convincente.
Não deu a resposta explícita a Marcelo a respeito da exigência de maior crescimento da economia, mas ela só será possível com as reformas essenciais a que o governo se dedicará prioritariamente, agora que se confirma o sucesso na estratégia de consolidação orçamental. Nesse sentido António Costa reafirmou que “podemos orgulhar-nos de dizer que eles falharam no cumprimento do défice e nós ainda tivemos de poupar ao país às sanções em que iríamos incorrer pela incapacidade que tiveram de cumprir a redução do défice. E este ano nós vamos ter, pela primeira vez em 42 anos, um défice abaixo dos 2,5% e um défice que nos retirará do procedimento de défice excessivo”.
A resolução da grave situação em que o governo anterior deixou a Caixa Geral de Depósitos foi outro feito a averbar aos ativos do atual: “O anterior Governo escondeu a situação, empurrou como se o adiar a resolução dos problemas resolvesse alguma coisa e isso obrigou-nos a consumir grande parte do nosso esforço a fazer aquilo que é absolutamente essencial garantir: a estabilidade do sistema financeiro, cuja maior garantia foi termos resolvido o problema da CGD que vai ser, como dissemos que seria, um banco inteiramente público devidamente capitalizado e o grande referencial da estabilidade do sistema financeiro, a garantia da poupança das famílias e um instrumento ao serviço do financiamento da economia portuguesa.”
Antes de abordarmos quais as linhas de força prometidas por António Costa para o imediato e o médio prazo, reconheçamos o quão bem sucedida foi a ação governativa nestes dez meses!
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