terça-feira, 17 de outubro de 2017

Notas Desafinadas (III) - Orçamento, Marcelo e Santana Lopes

(1) Nas diversas abordagens dos jornais e televisões ao Orçamento de Estado para 2018 há o inevitável reconhecimento dos ambiciosos objetivos do governo, mas quase não se ouvem vozes, que os deem como intangíveis. Até a D. Teodora se rendeu à evidência dos factos anteriores  que, sucessivamente, a desmentiram.
Agora alguns lamentam não se reduzir o défice a zero em relação ao PIB, como se o 1% previsto fosse caso de lesa-majestade. E até há quem se proponha a dizer como o faria. Algo que levaria um dos meus pretéritos encarregados a emitir uma das suas máximas preferidas: «estamos fartos de ver especialistas de obras feitas!».
O que ninguém parece ter reparado foi na prudência que, em exercícios anteriores, Mário Centeno demonstrou, sempre comprometendo-se com metas bem menos exigentes do que as dos resultados depois, efetivamente, alcançados. Quantos tiveram de engolir em seco por terem afiançado impossíveis as previsões do ministro e, depois, tiveram de dar o braço a torcer perante números e indicadores, que estimavam impossíveis?
Para as que agora anunciou para 2018 confio que repita o estilo e venhamos a constatar como ele nos continuará a surpreender sempre pela positiva.
(2) As declarações escritas ou verbais de Marcelo Rebelo de Sousa sobre as tragédias relacionadas com os incêndios de há quatro meses e deste fim-de-semana não deixam de ser paradoxais se nos ativermos à biografia do insigne professor. É que ele exige «mais atos e menos palavras».
Como disse?
Não é incongruente que um homem de quem nenhum ato concreto se conhece e sempre viveu da verbosidade dos textos que escreveu em ambiente académico ou nas páginas dos jornais, sem esquecer as mesmas rabulices vocais no comentário televisivo, venha agora exigir aquilo que nunca soube ou quis fazer? Critica as palavras quem delas  sempre alimentou a carteira e a carreira jornalística, universitária ou política?
Marcelo já nos revelou muitas das suas limitações comportamentais, mas faltava-nos esta faceta de mandar fazer aos outros como diz e não propriamente como alguma vez materializou!
(3) No facebook José Gabriel questiona Santana Lopes na segunda pessoa do singular surpreendendo-se com a jactância de se julgar desejado no partido, quando a realidade é a dos militantes preferiram-no na Santa Casa, porque aí dispensa-se de fazer aquilo para que já demonstrou não ter qualquer jeito: Política. E conclui: “o teu confronto com Rio vai tornar evidente a todos o que já é claro para muitos: não tens grande coisa na cabeça. Será deserto contra deserto.” 

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