Lata é o que não falta ao Paulo Baldaia, quando prevê maior agressividade dos comentadores políticos contra o governo de António Costa por ter tido um mês de agosto algo comprometedor com as histórias das viagens a França para ver o futebol, os fogos espalhados por todo o território e as atitudes menos compreensíveis na gestão do dossiê da Caixa Geral de Depósitos.
Para o futuro diretor do «Diário de Notícias», a coisa seria mais ou menos assim: dando ao governo um suposto estado de graça, os comentadores em causa, afiariam agora as garras e passariam doravante a ataca-lo sem qualquer prurido.
Baldaia bem pode fingir que tem vivido noutro país, que bem o temos visto a criticar continuamente a governação socialista a coberto de uma aparência de «objetividade». Olhando para a generalidade da imprensa escrita e televisionada desde há muitos anos que existe um claro desequilíbrio entre os defensores da direita e os da esquerda. Já assim sucedia nos tempos de Sócrates e bastou ele ensaiar algumas tentativas para contrariar essa relação de forças e bem se viu o que veio a acontecer: muito do que se tem passado com a suposta «Operação Marquês», nomeadamente qanto á promiscuidade entre alguns jornais e televisões com o Ministério Público, tem muito a ver com esse medo sentido à direita quanto à possibilidade de perder o monopólio da manipulação das consciências.
É verdade que este mês não tem sido particularmente benigno para o governo, tanto mais que Catarina Martins e Jerónimo de Sousa também nada facilitam com declarações incendiárias destinadas a vender caro o seu voto positivo no Orçamento para 2017. Mas todos deveremos ter a noção de que funciona aqui o jogo dos oito e dos oitenta. Tudo o que de bom o Governo fizer será minimizado pelos media, enquanto qualquer erro tenderá a ser enfatizado como se de crime de lesa pátria se tratasse.
Cabe-nos a nós, nas redes sociais, irmos criando algum reequilíbrio, enquanto não se conseguem alterar os jogos de forças no universo dos que mandam nos jornais e nas televisões.
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