Os últimos dias têm sido um fartar vilanagem para quem tem por objetivo criar as condições para a queda do governo liderado por António Costa.
Bem vejo uns quantos insurgirem-se contra as mentiras e as deturpações à verdade promovidas pelos josés gomes ferreiras e pelos josés rodrigues dos santos das nossas televisões, e logo os vejo a alinharem na manipulação intensiva em torno do suposto (e falso) aumento do IMI ou até a pedirem a demissão do secretário de Estado envolvido nessa revisão legislativa.
Não aprenderam ainda com a história dos colégios privados, que o padrão é sempre o mesmo? É só a direita e os lóbis a ela associados encontrarem alguma alteração do status anterior e logo iniciam a diabolização do governante em causa, acabando por promover os mais indignos assassinatos de carácter.
Com Tiago Brandão Rodrigues foram à procura de um invejoso, cuja carreira medíocre em nada se compara com o brilho da do ministro, e vieram com uma estória desconchavada sobre subsídios indevidos ou não devolvidos. Depois, com a secretária de Estado agarraram no facto dela ter a sua prole a estudar no Colégio Alemão para a menorizar, quando sabiam de sobra que ela escolheu o ensino privado, mas paga-o do seu bolso sem estar à espera da ajudinha dos contribuintes.
Falei atrás do padrão e ele lembra aquela célebre quadra do Aleixo, que constata que “para a mentira ser segura/ E atingir profundidade /
Tem que trazer á mistura/ Qualquer coisa de verdade.”
Tem que trazer á mistura/ Qualquer coisa de verdade.”
A verdade aqui foi a de um secretário de Estado ter ido a um jogo de futebol, havendo quem dentro do Partido Socialista viesse exigir a sua demissão para se manter a “coerência” suscitada pela saída de João Soares. Ó que só demonstra como, apesar de terem ficado órfãos do seu antigo líder, os derrotados das Primárias estão sempre disponíveis para, ao virar da esquina, assentarem a sua ferroada.
Mal vão os militantes e simpatizantes do atual governo quando aceitam apontar as baterias na sua direção, desviando-as do verdadeiro perigo que está e continuará a estar na trincheira onde se acoitam os que, durante quatro anos, causaram tanto mal.
Eu sou o primeiro a desejar que os padrões éticos de quem nos representa sejam os mais irrepreensíveis, mas não estou disposto a dar para um peditório em que se prescinda da competência irrefutável de alguém só porque cometeu o erro de, na euforia de um instante, aceitar um convite, que julgava inócuo mas logo serviu para o diabolizar na praça pública.
Aceitasse António Costa a sua demissão e logo teria de prescindir de outros dois secretários de Estado, que também terão ido ao futebol, criando-se o precedente por dá cá aquela palha ir prescindindo dos membros sua equipa. E, como toda esta estratégia obedece a esse padrão, lembre-se outro exemplo em que idêntica situação quase levou à demissão do ministro da Defesa, quando abordou com lucidez e equilíbrio as práticas homofóbicas de quem dirigia o Colégio Militar.
Ao fim de dois dias, nem a vitória da seleção olímpica sobre a Argentina, travou os ímpetos da porcina figura que lidera o CDS em querer interromper as férias parlamentares para a exibição do tipo de populismo, que vai grassando além-fronteiras e que cá devemos extirpar antes que ganhe maior dimensão. Mas para tal é preciso que os próprios defensores da «Geringonça» não se deixem levar pelo conto do vigário. Mesmo quando ele parece tão bem contado...
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