Nos seus pesadelos mais tenebrosos é crível que Passos Coelho se veja invetivado por quem dele se serviu como marionete, por não ter levado por diante a “reforma” na Segurança Social. É que, se muitos dos que trabalham foram aliciados a subscrever títulos de poupança e reforma, o que os respetivos emissores conseguiram nada mais significaram do que peanuts em comparação com o verdadeiro filet mignon correspondente ao volume global da receita anualmente conseguida pela Segurança Social.
“Estivessem essas verbas à guarda de quem as soubesse rentabilizar!”, afiançam os mais entusiastas dos neoliberais. É por isso que, ontem, hoje e amanhã, o tema da Segurança Social constitui daquelas modas escolhidas pela direita para todas as estações.
No entanto, vale a pena olhar para a luta agora em curso nas ruas das principais cidades chilenas, onde milhões de trabalhadores lutam pelo fim do sistema imposto pela ditadura de Pinochet, a mando dos Chicago boys, e em que esse modelo foi aplicado em primeiro lugar. Na altura a promessa era basicamente esta: uma vida de descontos para os fundos privados (AFP) encarregados de vir a propiciar as pensões de reforma aos contribuintes, garantir-lhes-ia um mínimo de 70% de remunerações comparativamente com o que tinham deixado de receber na vida ativa.
No entanto, agora confrontados com a realidade, eles veem-se, na melhor das hipóteses a auferir de 35%, ou seja quase apenas um terço do que estavam acostumados e, em muitos casos, abaixo do salário mínimo regulamentado.
Não surpreende a indignação desta revolta e a exigência para que a presidente Michelle Bachelet a ela ponha cobro. No entanto quem terá agora força para tirar a esses grupos privados todo o dinheiro, que roubaram ao longo de todos estes anos?
A lição a tirar é óbvia: nem na mais ínfima parcela se pode permitir que os interesses privados se apossem do bolo da Segurança Social.
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