Uma das muitas mentiras engendradas por Passos Coelho ao longo do seu mandato foi a de que iria promover a nomeação de dirigentes da Administração Pública através de concurso de forma a eliminar a tradição de, cada governo, arranjar poiso dourado nesses cargos para os seus apaniguados.
Depressa se concluiu qual era o plano em causa: criava-se uma Comissão dita independente, que escolhia entre os candidatos os três nomes, que ajuizava serem os mais adequados para cada função e o governo escolheria qual deles preferiria. Resultado: 100% de nomeações de gente conotada com o PSD ou o CDS.
Seria, pois, natural que a tomada de posse do novo governo desse lugar a uma imediata revisão dessas nomeações, porque, não sejamos ingénuos, todos os que delas tinham beneficiado estavam em cargos de responsabilidade donde lhes seria fácil sabotarem as novas políticas a serem implementadas. Um desses nomeados até estava em posição de definir a que empresas privadas iria atribuir os 6 mil milhões de apoios provenientes de um programa europeu no que isso subentende de satisfação de predeterminadas clientelas!
Demiti-los liminarmente dessas funções, constituiu uma obra meritória de saneamento público e de prevenção contra os danos que poderiam advir da sua conduta.
É claro que muitos dos visados portam-se agora como impolutas criaturas ofendidas com a desconfiança de que são alvo e iniciaram litigância contra o Estado.
Não se trataria de matéria digna de notícia - quantos casos hoje em curso nos Tribunais do Trabalho merecem tal atenção dos media, nomeadamente dos que muito justificadamente opõem trabalhadores contra empresários? - se o «Público» não fizesse disso tema de capa e a SIC (somada provavelmente aos demais canais!) não andasse a referi-lo a todas as horas?
A falaciosa promessa de Passos Coelho tinha por trás a intenção de encher o topo da Administração Pública com quem se predispusesse a fazer dela o braço armado das políticas da direita. Corrigir essa situação e, até virá-la do avesso, é mais do que necessário.
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