Neste domingo à noite armei-me de paciência e papei o discurso de Passos Coelho na Festa do Pontal. Todinho de princípio ao fim…
A curiosidade residia em saber como ele prosseguiria a lógica do Diabo, que houvera prometido para depois das férias. Esperava, pois, um discurso todo virado para o ataque à Geringonça e capaz de galvanizar as desencorajadas hostes laranjas, devolvendo-lhes a esperança de um iminente regresso ao pote.
O que vi surpreendeu-me por quão patético se apresentou o suposto líder da Oposição. Face a reduzida e pouco entusiasmada assistência (pelo menos foi o que pareceu pelas palmas raras e pelos nenhuns «vivas», que Passos ainda tentou suscitar, já que «por mero acaso» as câmaras televisivas não se desviaram do palco!) o orador pareceu conformado com a sua condenação à definitiva obsolescência e muito trapalhão na parte final em que nem sequer terá percebido o que pretendia dizer.
Se é certo que os números do INE estão a constituir matéria farta para as principais carpideiras, ainda inconsoláveis com o enterro do PàF, arengarem as suas banalidades, Passos Coelho nada mais consegue invocar do que um suposto esgotamento da atual solução governativa que, contraditoriamente, reconhece ter potencial para se aguentar durante os quatro anos da legislatura.
Na última vez que estive perto dele, num restaurante das Amoreiras em que se veio sentar na mesa ao lado com Ângelo Correia, parecia transbordar da confiança de quem se preparava para derrotar José Sócrates. Cinco anos depois a sua figura timorata revela uma insegurança fatal para quem ainda pretenderia assumir as rédeas do poder.
Nestes meses de plangente oposição, Passos tem mostrado uma evolução notória no seu fácies e postura corporal. E cada oportunidade para o analisarmos só confirma a condição de vencido sem remissão.
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