Quando as baterias estão apontadas contra o governo anterior por ter feito cortes nos Serviços Florestais, o «Público» voltou a mostrar quais os interesses prosseguidos pelo grupo SONAE, arrebanhando uma tese académica do deputado Ascenso Simões, que põe em causa a estratégia prosseguida pelo ministério da Administração Interna há dez anos, com António Costa como seu titular. Na altura, e também na sequência de situações catastróficas causadas por incêndios, um grupo de trabalho criado no âmbito desse Ministério propusera medidas não só extremamente dispendiosas como de sucesso depois entendido como excessivamente otimista. No entanto o artigo de Ana Fernandes procura criar a dúvida sobre se tudo quanto tem acontecido nos últimos dias ainda ocorreria se esse plano houvesse passado à prática. Ou seja, temos uma remake da canção dos Salada de Frutas, «Se cá nevasse fazia-se cá ski».
Não sabemos quem se foi lembrar de desenterrar um trabalho destinado ao contexto universitário para que sirva de chicana política nesta altura em que os incêndios alastram a todo o país, mas adivinha-se obra de quem andou a guardar este trunfo à espera da oportunidade para colocar em causa a competência do primeiro-ministro. Temos aqui mais um exemplo da habitual falta de escrúpulos da direita, que recorre às mais obscenas variantes de «politiquice» para criar dificuldades a quem deve estar atualmente focalizado na resolução dos graves problemas suscitados por estes fogos. E o jornal, que mais responsabilidades de veria ter para contrariar a pornografia desinformativa do seu rival da Cofina, presta-se lamentavelmente a este papel, como anteriormente se fez porta-voz dos ilegítimos interesses dos proprietários dos colégios particulares.
Vamos lá a ver se essa tabloidização do «Público» não se agrava ainda mais com a iminente tomada de posse do antigo diretor do «Observador» como seu responsável editorial. Na qualidade de assinante acabo por temer o pior...
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