sábado, 6 de agosto de 2016

O que a direita pretende com as Sondagens

Os estudos da Eurosondagem merecem-me tanta «credibilidade» quantos os dos concorrentes que fazem do estado de alma dos eleitorados o seu negócio. Num certo sentido a empresa de Rui Oliveira e Costa até me suscita maior descrença nos seus resultados tendo em conta que vai refletindo as tendências já expressas nos da Aximage, mas salvaguardando valores ainda tidos como «honrosos» para o PSD e Passos Coelho.
Será crível que, depois de todo o mal imposto aos portugueses ,e dos sucessivos erros estratégicos já enquanto líder da Oposição, o ainda líder do PSD possa conta com mais de 41% de opiniões positivas?
As sondagens mais recentes têm pretendido criar uma mudança política, muito desejada pela direita, e anunciada em primeira mão por Marques Mendes: empolar a circunstância de, juntos, o PS e o Bloco já conseguirem a maioria absoluta, pelo que dispensariam facilmente os comunistas.
Que importa o facto de, também juntos, o PS e o PCP já conseguirem estar nesse limiar, e justificando-se, pois, a ideia de que poderiam ser os bloquistas a serem descartáveis?
Se a direita e as empresas de sondagens tentam apressar o fim da atual maioria governativa através da velha regra de «dividir para reinar» não é porque António Costa dê sinais de incómodo com os acordos assinados com os partidos de esquerda e por todos respeitados até aqui, mas porque sabem quanto, entre bloquistas e comunistas, seriam estes últimos a causar maior mossa a um eventual governo PS/Bloco através dos seus influentes aparelhos sindicais e autárquicos.
Há ainda outro fator em que os criadores desta estratégia da direita apostam: mesmo que hoje sejam críveis os 53% que a Eurosondagem atribui aos partidos da «Geringonça» (e até mesmo os 58% na Aximage) estamos perante um caso típico da tese em como a soma global dos fatores vale mais do que a das suas parcelas. Isto significa que, com um marketeiro habilidoso como o brasileiro contratado pelo PSD para as últimas eleições, e a conivência certa das televisões, rádios e jornais, conseguir-se-ia reduzir a votação da «Geringonça» à conta da contínua aposta na mensagem da falência desta «efémera» experiência governativa.
Estou convicto de que no Rato, na Rua da Palma ou na Soeiro Pereira Gomes, os estados-maiores dos três maiores partidos da esquerda estão atentos a estas formas insidiosas de precipitar acontecimentos, que o cumprimento integral dos quatro anos de legislatura deverão evitar. Mas depois da semana silly em que foram alguns secretários de Estado a porem-se a jeito para se tornarem bombos da festa de uma direita sem ideias, é altura de tudo voltar ao normal: o governo a governar, a direita a continuar à procura do labirinto em que se descobriu encerrada e a economia a dar os primeiros sinais dos desmentidos a que as UTAOs, Fitchs % Cª serão obrigadas a emitir no final deste ano.


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