Na «Acção Socialista» de ontem Correia de Campos desvalorizava o que correu mal a nível do governo durante as últimas semanas, porque “a política também se aprende”. Por isso mesmo incentivou à necessidade de se analisar seriamente onde as coisas se complicaram e deram desnecessários trunfos à direita para que pusesse em causa a eficácia e a competência da equipa liderada por António Costa.
Independentemente deste sábio conselho também nos cabe repudiar ativamente nas redes sociais o despudor de Passos Coelho ou Assunção Cristas, quando classificam de «humilhante» para o país o que foi o relacionamento com o BCE para conseguir a sua aceitação da estratégia para a Caixa Geral de Depósitos.
Humilhante? Com que falta de vergonha vêm eles alegar tal argumento para quem esteve quatro anos na conhecida postura da fotografia de Gaspar e de Schäuble? Como podem tal invocar os que só em Lisboa, e graças à sua maioria parlamentar, conseguiam falar grosso e, tão só apanhavam o avião para Bruxelas ou Berlim e logo se punham a rastejar vergonhosamente?
Nas redes sociais temos denunciado insuficientemente o que foi a vergonha que, enquanto portugueses, passámos durante toda a governação da direita por a saber com o mesmo tipo de comportamento dos colaboracionistas franceses quando tinham o seu país ocupado pelos nazis.
De entre o que de muito bom trouxe o governo de António Costa aos que nele se reconhecem, uma das melhores foi o reconquistado orgulho de o sabermos capaz de bater o pé a quem nos quer condicionar os rumos para alcançarmos um futuro melhor.
Quanto a estas tricas com o BCE mais não são do que isso mesmo: ainda que reconhecendo como deploráveis as declarações do secretário de Estado na semana passada, tudo quanto sucedeu mais não é do que o reflexo de um processo negocial onde, manifestamente, não há os que mandam e os que obedientemente se curvam aos seus desígnios. O que resultou em todo este processo mais não foi do que o equilíbrio entre as posições de um e outro lado.
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