(1) Sete meses depois dos eleitores portugueses terem desperdiçado a oportunidade de terem como presidente da República uma personalidade da estirpe de Sampaio da Nóvoa - algo com que nunca me conformarei! - os jornais voltam a essas eleições para dar notícia dos saldos das contas das campanhas. E, confirmando a superioridade ética e moral, que o caracteriza, o antigo reitor da Universidade de Lisboa comprometeu-se com a entrega do 80 mil euros de saldo positivo para bolsas de estudo ou de investigação nas áreas da participação cívica.
Eu sei que ainda sobram por aí muitos iludidos com o mandato daquele que se tem particularmente distinguido como co-modelo para selfies alheias, mas o tempo dará razão às desconfianças a respeito de quem nada tem a ver com o país tal e qual apontam os rumos da atual maioria governativa. A rota de colisão está traçada e só espero que ocorra em altura propícia, que permita à esquerda limitar-lhe seriamente o potencial de nocividade colado a quem não disfarça ser um conservador decidido a travar as grandes reformas sociais e de costumes tão-só elas conflituem com a sua essência ultramontana.
(2) O Congresso do MPLA não está a ser um passeio tão pacífico quanto o desejaria a família do ainda presidente angolano. Há vozes influentes, que se começam a fazer ouvir sobre a insensatez dos rumos seguidos nas décadas mais recentes. O enclausuramento de Zédu com pouco mais do que o seu clã familiar faz presumir o final próximo de uma cleptocracia inaceitável. Sobretudo sabendo-se que andou a encher desmesuradamente os bolsos não deixando agora o mínimo necessário para investir no desenvolvimento de novas descobertas petrolíferas e muito menos afetar recursos bastantes para retirar o país da cauda da tabela na classificação internacional dos índices de mortalidade infantil.
(3) Bastariam estes números para explicar o quanto de criminosa foi a política de Passos Coelho em abandonar o programa das Novas Oportunidades: 55% dos portugueses entre os 25 e os 64 anos não concluíram o ensino secundário. O que faz do nosso país um dos mais atrasados de quantos se enquadram na OCDE.
É certo que, em termos de pior ministro da Educação do último século, Nuno Crato pede meças ao salazarista Carneiro Pacheco que infletiu as políticas educativas da I República, porque a maioria dos portugueses deveriam contentar-se com uns rudimentos de leitura e de contas de somar.
Tendo em conta que o governo de Passos Coelho pretendia desqualificar suficientemente os portugueses de forma a que se tornassem tão competitivos quantos outros povos conhecidos pelo seu analfabetismo - o Bangla Desh ou o Vietname - compreende-se que considerasse um luxo a aposta na educação, sobretudo se dedicada a adultos.
Muito tem de trabalhar a atual equipa da Educação para recuperar o atraso provocado pela trágica herança do crítico do «eduquês», insulto com que quis reduzir as competências académicas dos portugueses.
(4) Segundo as contas agora anunciadas as diatribes da clique cavaquista no BPN deverá custar-nos a todos mais de nove mil milhões de euros. E perante tanto crime financeiro ali perpetrado o Ministério Público não parece ter pressa nenhuma em apurar responsabilidades. Como se esperasse a morte natural de Oliveira e Costa para arquivar um caso que é, definitivamente, o melhor exemplo do que uma autêntica mafia, colada ao antigo presidente da República, foi capaz de fazer para garantir aos seus acólitos as prebendas que nem as fortunas familiares, nem o mérito, poderiam alguma vez justificar.
Sem comentários:
Enviar um comentário