1. Conhecidos os mais recentes números da economia portuguesa, da lavra do INE, pode-se concluir que o panorama continua bastante negativo para quem, na equipa de propaganda do governo, gostaria de nele encontrar matéria utilizável para os seus objetivos.
É verdade que o défice em 2014 correspondeu a 4,5% do PIB, valor três décimas abaixo da última previsão do outono transato, mas não tinha sido prometido aos portugueses que, findo o programa de ajustamento, ele desceria abaixo dos 3%?
Pelo relatório ficámos a saber que as despesas do Estado excederam em 7822 milhões de euros as suas receitas e ainda nem sequer foram considerados os impactos suscitados pela intervenção no Novo Banco. Não o consigam vender pelo menos por 4,9 mil milhões de euros - que foi quanto nele foi injetado! - e a diferença vai necessariamente agravar aquele défice.
Já para 2015 o INE mostra-se esperançoso em alcançar 2,7%, que diversas entidades internacionais (FMI e Comissão Europeia) consideram inviável, porque não vislumbram como é que maria luís albuquerque irá conseguir a redução da despesa e aumentar a receita para os níveis com que se comprometeu. Para já os dados da execução orçamental correspondente a janeiro e a fevereiro desmentem tal otimismo: a despesa cresceu em vez de decrescer e , se a receita também aumenta, fá-lo abaixo do ritmo pretendido (2,1% em vez de 4,7%).
Outro indicador que é bem revelador do fracasso da receita seguida pelo governo é o da dívida pública: em 2014 ela fixou-se em 130,2%.
Comentando os dados agora conhecidos, João Galamba constatou que a queda do PIB em 2012 e em 2013 ainda conseguiu ser pior do que se julgava:
1) em 2012, PIB cai 4%, em vez de 3.4%;
2) em 2013, PIB cai 1.6%, em vez de 1.4%;
O que será preciso fazer para que a coligação do PSD e do CDS seja devidamente punida nas eleições em função de tão evidente demérito?
2. Uma das frases mais expressivas de anteontem na Comissão de Inquérito ao caso BES foi da autoria de José Magalhães, que criticou maria luís albuquerque pela forma como sacudiu a água do capote em relação à sua intervenção em todo o processo de falência do grupo da família Espírito Santo: “Não se deve vir ao Parlamento dizer que os bebés vêm de Paris”.
É que a ministra pode querer tomar por parvos os seus interlocutores e quem a ouviu nas televisões. Mas será difícil que uns e outros se reconheçam na desqualificação a que ela os quis limitar.
3. Durante meses a fio andaram para aí uns comentadores a darem por certa a ascensão da extrema-direita um pouco por toda a Europa. Demonstravam, assim, a inoperância da esquerda socialista, que seria capaz de estimular os eleitores.
Vieram as eleições francesas e constata-se que o partido de marine le pen estagnou na progressão, que estava a conhecer. E as sondagens inglesas dão uma queda abrupta do partido UKIP que, em maio, não deverá contar com mais de 10% dos votos. Com os trabalhistas a segurarem o primeiro lugar embora tendo os conservadores nos calcanhares.
Tão só a esquerda comece a mostrar argumentos para aliciar o apoio dos seus eleitores e será possível encarar a ameaça da extrema-direita como uma moda sem futuro!
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