Seja ou não capaz de formar governo com os resultados eleitorais de anteontem ,Netanyahu está em vias de se tornar no P.W. Botha de Israel. Recorde-se que, durante onze anos, os que decorreram entre 1978 e 1989, este último tentou contrariar como pôde a dinâmica da História e perenizar o regime do apartheid na África do Sul. Não hesitando em levar por diante os crimes mais horrendos, que o regime contaria no seu triste rol. E um dos seus aliados mais gratos dessa época era precisamente o mesmo Israel, que já tanto se dissociara do seu passado laico e progressista.
Agora Netanyahu ainda apostará em levar até ao limite o seu fanatismo messiânico, aumentando ao máximo o número de colonatos e expulsando mais palestinianos das suas casas e quintas. Por isso anda tão desesperado em convencer judeus a deixarem os sítios onde sempre viveram para se radicarem em Israel. Porque, nas guerras que quer provocar, precisa de tanta carne para canhão quanto a que possa em torno de si consolidar. Ademais, como se viu com a sua mais recente bravata em Gaza, já não poderá ter por si o apoio de uma comunidade internacional, farta de lhe aparar o jogo sujo e a questionar-se o que podem ter a ver estes judeus arrogantes e sem escrúpulos quando se trata de roubar propriedade alheia com os milhões de vítimas do nazismo por quem se justificou por demasiado tempo a complacência para com os seus supostos sucessores.
E, no entanto, uma parte significativa da sociedade israelita está bem lúcida quanto ao desastre para que está a ser empurrada com a negação de um Estado palestiniano viável e territorialmente homogéneo: além do progressivo isolamento internacional crescem os custos com a defesa com implicação direta no empobrecimento de grande parte da população cuja preocupação maior passou a ser a necessidade de ver melhorada a qualidade de vida, borrifando-se para as sempiternas armas nucleares do Irão.
No seu artigo do «Público», Jorge Almeida Fernandes evocava os alertas recentes do escritor Amos Oz segundo o qual a garantia de segurança para Israel é a formação de um Estado palestiniano. “A alternativa é uma ditadura de judeus fundamentalistas ou um único país em mãos árabes que mataria o sonho sionista.” Para Oz, é uma “questão de vida ou de morte” que esteve escondida na campanha eleitoral. “Se não houver dois Estados haverá um; e, se só houver um, ele será árabe.”
Como muitos antigos chefes militares e da espionagem israelita têm sublinhado o pior inimigo à sobrevivência de Israel tem sido Netanyahu. E, infelizmente, ainda conta com exagerado apoio eleitoral com que se arroga do direito de continuar a conduzir o seu povo para ...a expulsão da Terra Prometida!
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