Por uma vez na vida tenho de elogiar a ministra da Justiça que, normalmente, me suscita a maior das antipatias. O seu veemente Não ao novo assalto da associação sindical dos magistrados do ministério público para que este passasse a tutelar a polícia judiciária impediu mais um perigosíssimo passo na estratégia de uma parte importante dos nossos agentes judiciais em se dotarem dos meios suficientes para que os poderes executivo e legislativo se lhe submetam.
É nesse sentido que o caso de José Sócrates deve ser visto numa perspetiva mais ampla: não se trata apenas do ódio visceral de uns quantos contra o antigo primeiro-ministro. O recurso a estratégias próprias de regimes totalitários, que passam por negar ao suspeito a presunção da inocência e em fazê-lo condenar previamente na praça pública com a conivência de pasquins, mais não é do que o ensaio já antes experimentado com as polémicas condenações de Armando Vara e de Maria Lurdes Rodrigues.
Existe gente disposta a exercer o poder efetivo em Portugal sem para tal receber o mandato dos eleitores. E no congresso de Vila Moura viu-se que joana marques vidal é a cabeça de cartaz de uma trama sinistra, que se perfila à sua volta. Foi por isso reconfortante o Não definitivo de paula teixeira da cruz.
O combate pela Democracia na área da justiça ainda está no início. Se não quiser ver-se continuamente sabotado pelas insidiosas manobras dessa gente - que passou a ter o arrojo de acusar mesmo sem provas e de invadir a privacidade alheia sem olhar aos devidos escrúpulos - o futuro governo terá de fazer bem mais do que insistir na atitude da ministra: cabe-lhe esmagar o ovo da serpente antes dela conseguir meter a cabeça definitivamente de fora.
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