É revoltante o assassinato da jovem afegã Farkhunda na semana passada e comprovativa da barbárie, que continua a dominar o país dos talibãs.
Aos 27 anos ela era uma rapariga que, pelos padrões locais, só podia ser designada como uma conservadora. A roupa que vestia cobria-a da cabeça aos pés e acreditava na função feminina na sociedade como sendo a de cuidar da família e ser uma esposa dedicada marido.
E, no entanto, uma multidão em fúria torturou-a durante duas horas até a deixar morta em frente à mesquita, que costumava frequentar.
Na origem do crime terá estado a sua discussão com o imã, que liderava esse lugar de culto e a quem criticou por vender amuletos aos pobres e a mulheres desesperadas pressionados a crerem nos seus poderes mágicos.
Foi quanto bastou para esse imã acusar Farkhunda de ser uma não-muçulmana e até ter queimado o Corão. Atiçada por ele a multidão cercou-a e, sem que a polícia ali aquartelada a cinco minutos fizesse algo para o evitar, matou-a.
Comprometido, o governo de Cabul já mandou prender alguns dos energúmenos e promete medidas para evitar recorrências deste tipo de crimes, mas passará muito tempo até as mulheres afegãs voltarem a usufruir do estatuto de igualdade, que tinham nos anos 70, quando um regime de esquerda apoiado por Moscovo ali governava.
Reagan meteu-se ao barulho, prometendo «libertar» o país da influência soviética e o resultado está à vista...
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