1. É difícil calar a indignação pela decisão do Supremo relativamente à prisão preventiva de José Sócrates. Apesar de não faltarem doutos argumentos, que justificariam a correção - demasiado tardia! - de uma tremenda injustiça, confirma-se o evidente conluio de diferentes instâncias judiciais no sentido de manterem o cerco apertado ao único político, que fez os possíveis por limitar os escandalosos privilégios corporativos de que os seus agentes usufruem.
Se havia alguma expetativa em que sobrasse algum sentido de Estado aos juízes agora chamados a decidir sobre o habeas corpus a resposta ficou liminarmente esclarecida.
Existe uma coligação poderosa, que liga imprensa, sistema judicial e uma parte do tecido empresarial para que José Sócrates figure como exemplo do que serão capazes se um qualquer primeiro-ministro futuro voltar a agitar seriamente os interesses de tal gente. E essa interação já dura há demasiado tempo: existia quando foi feita toda a encenação sobre a pedofilia na Casa Pia, continuou a existir com as contínuas campanhas sujas durante os mandatos dos governos socialistas entre 2005 e 2011 e, acelerou-se agora perante a ameaça da provável maioria absoluta socialista a partir de outubro - e daí o afã com que dezenas de vozes fazem por repetir nas televisões o não ser ela possível!
Ao contrário de Sócrates que julgou conter o monstro pondo a chefiá-lo o ineficaz Pinto Monteiro, o próximo governo não poderá usar de paninhos quentes quando se tratar de escolher o sucessor da filha do sinistro marques vidal. Quem for designado para liderar o coio antissocialista em que se transformou a procuradoria-geral da república terá de ter a coragem e a determinação para impedir que a infâmia de que José Sócrates tem sido vítima se volte a repetir.
2. Economicamente até pode fazer sentido a previsão dos 2% de crescimento de que cavaco silva falou hoje em Paris na sede da OCDE. Pelo menos é o que defende Pedro Santos Guerreiro, que dá no «Expresso» explicações fundamentadas, que possam torna-la possível: o custo baixo do barril de petróleo, a intervenção musculada do BCE na compra das dívidas dos países da zona euro, a paridade entre o dólar e o euro, ou seja tudo razões que nada têm a ver com a (des)governação de passos coelho, mas com circunstâncias totalmente alheias ao seu controle.
Se José Sócrates viu cair sobre o seu governo a tempestade externa perfeita, que deu à coligação da direita com o PCP e com o BE, o ensejo de o derrubarem, passos coelho passará estes sete meses numa ambiência paradisíaca.
A vigarice intelectual de cavaco silva consiste em querer colar essas circunstâncias à atuação dos seus protegidos. Esperemos que a opinião pública reaja com a mesma argúcia com que o fez dar um grande trambolhão nas sondagens depois de o ouvir dizer que a evasão contributiva de passos coelho tinha a ver com um clima pré-eleitoral.
3. Os republicanos norte-americanos estão prestes a levar uma violenta bofetada por parte dos eleitores israelitas: amanhã Netanyahu perderá as eleições, de nada lhe tendo valido a afronta de discursar no Congresso de Washington à revelia da vontade de Obama. Pelo contrário esse suposto tiro na Casa Branca ter-lhe-á saído pela culatra! E, muito em breve, até será provável que o Irão e a Síria de Assad sejam reconhecidos a curto prazo como parceiros indispensáveis na pacificação do Médio Oriente depois de derrotado militarmente o Daesh.
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