O Tribunal da Relação negou validade ao recurso dos advogados de José Sócrates depois do Supremo ter recusado o habeas corpus. De derrota em derrota, confio que não deixaremos de ver o anterior primeiro-ministro alcançar a redentora vitória final. Mas até lá justifica-se a pertinência de uma das questões por ele levantadas durante a apresentação do livro sobre a tortura: quem nos defende de quem nos deveria julgar com imparcialidade e transparência e não o faz?
É que existe uma tal nebulosidade sobre todo o caso, sobretudo sobre os equívocos comportamentos de rosário teixeira e de carlos alexandre, que deveremos ver esclarecidas as suas motivações. Sobretudo, quando os vemos de braço dado com o que de mais asqueroso pode manchar a reputação do jornalismo e dá pelo nome de «correio da manhã».
Uma série francesa agora na RTP 2 - «Os Influentes» - fez-me recordar a figura íntegra de Pierre Berégovoy, que foi primeiro-ministro de Mitterrand e se suicidou em 1993 depois de uma infame campanha de jornais da estirpe da do pasquim da Cofina.
Ele que sempre tivera no seu bom nome o maior capital da sua longa carreira política, não suportou que o pusessem em causa sem qualquer fundamento. E, infelizmente, os que o empurraram para esse ato desesperado nunca tiveram qualquer condenação.
Mas a estratégia em curso é típica da direita: a sua falta de escrúpulos é tal, que lança boatos, cria campanhas e faz-se de virgem ofendida, quando se trata de derrubar quem lhe faz frente. Podendo até chegar mais longe como ocorreu com Olof Palme.
Claro que tenho a plena certeza de que José Sócrates não se deixa dobrar, por muito que seja essa a vontade dos que o têm continuamente humilhado e ofendido. Pelo contrário, a determinação que testemunham todos quantos o visitam só quer dizer que esta provação só o fortalece na inabalável vontade em recuperar a boa reputação e tudo fazer para que a questão levantada meses atrás tenha resposta: quando os juízes se deixam guiar pelo preconceito ideológico em vez de apreciarem as provas (ou a falta delas!) que lhes são submetidas, têm de se sujeitar ao julgamento de quem possa pôr-lhes cobro à indignidade das suas decisões.
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