Coitadinho do menino pedro! Anda a esforçar-se tanto por ser o menino bonitinho dos professores e, depois, é o que se vê. A Standard & Poor’s decide manter a notação financeira do país dois níveis abaixo do lixo e o domesticado Banco de Portugal não se exime de divulgar a evidência: comparando a dívida pública entre a de dezembro com a de janeiro, ela subiu mais 6,6 milhões de euros fixando-se em 231,1 milhões de euros.
Para a agência de rating não sobram dúvidas: se os juros da dívida têm baixado nos últimos meses nada se tem devido à suposta evolução positiva da economia portuguesa - que os seus analistas não vislumbram! - mas, exclusivamente a fatores externos.
Se para os mais ingénuos ainda resultará a propaganda canhestra, mas repetitiva, dos ministros e deputados da coligação, já a dúvida existencial vai tomando as almas torturadas dos mais sagazes defensores do austericídio. Muitos deles acolhem-se nas páginas digitais do «Observador» e imitam a madrasta da Branca de Neve: olham-se ao espelho, em tempos oferecido por um dos think tanks financiados pelos mecenas do Tea Party, e perguntam-lhe se existe alguém mais neoliberal que eles?
Descansa-os o artefacto dizendo-lhes que o fracasso das medidas do governo nada tem a ver com o facto de serem erradas as suas ideias, mas de as não aplicarem como deveriam. Como comenta Alexandre Abreu na sua coluna do «Expresso Economia»: “Os resultados não são os prometidos, alega o coro liberal, porque o ímpeto reformista não tem sido suficiente. Porque não se reformou verdadeiramente o Estado.”
Não é que os pupilos chamados ao governo não se estejam a esforçar: segundo o Eurostat só no último trimestre de 2014, o custo da mão-de-obra caiu 8,8% em Portugal face ao mesmo período do ano anterior, naquele que foi o maior recuo entre os Estados membros da União Europeia.
Quer isto dizer que, à conta do elevado número de desempregados, da precarização do emprego e da redução dos mais elementares direitos laborais, o governo lá vai cumprindo o desígnio, em tempos estipulado pelo tenebroso antónio borges de levar cada português a ganhar o mesmo que um bengali ou um cambojano.
E é disso mesmo que Nicolau Santos fala, do anseio passista em reduzir os salários dos portugueses a valores, que nem sequer bastem para lhes garantir a mínima sobrevivência: “o programa de ajustamento foi quase quase um sucesso. Só faltou o investimento, que era a pedra de toque para sairmos rapidamente do buraco onde caímos. Não chegou nem vai chegar tão cedo. Pelos vistos, é necessário continuar a diminuir salários e a precarizar ainda mais os contratos de trabalho, acabando também com a contratação coletiva, para se verificar então o sucesso absoluto. Nessa altura é que vão chover milhões sobre Portugal. Também há aquela história do cavalo do inglês, que quando estava a trabalhar quase sem comer nada morreu. Mas isso agora não interessa nada, como diria aquela senhora da televisão.”
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