1. Certeira afirmação da ministra Marta Temido na Comissão Parlamentar em que foi ouvida sobre os problemas no setor, que tutela: “se o direito à grave é de facto um direito, poderíamos perguntar se em alguns casos não estamos perante um abuso de direito”. E é-o de facto, muito contribuindo para descredibilizar os sindicatos, que bem mereceriam ser tidos como organizações fundamentais num futuro em que a negociação poderá substituir-se aos aspetos mais gravosos da luta de classes.
Ridícula continua a ser a conduta de Cristas, que se erige como pasionaria dos grevistas por não ter mais nada que dizer contra o governo, restando-lhe a colagem a quem colide com este, sem compreender a grande maioria dos portugueses, que tende a ver nos enfermeiros uma classe profissional, que não se dando ao respeito, perde o direito de ser respeitada.
2. Excelentes a notícias do aumento do salário mínimo em Espanha, onde passa para 900 euros no início de 2019, e em França onde conhece acréscimo de cem euros.
Torna-se mais difícil o argumentário do conjunto de marretas, que costumam sentar-se na Concertação Social para se oporem às pretensões sindicais de tornar menos difícil a qualidade de vida de quem trabalha. Tanto mais que o Estado ou os hipermercados Lidl já sinalizaram a exequibilidade de valor mais elevado do que os exíguos 600 euros aprovados para o próximo ano. E, sobretudo, porque os salários dos administradores das empresas cotadas no PSI-20 são, em média, 160 vezes os dos seus trabalhadores, tendo estes últimos perdido valor salarial durante os anos da troika enquanto aqueles se aumentavam em mais de 50%.
Esta noite, porém, o «Expresso» sinalizou-nos a inevitabilidade dos patrões terem de se vergar a essa dinâmica salarial: se até o hiperneoliberal João Vieira Pereira o reconhece na sua crónica, é porque sabe como a mudança se torna incontornável.
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