A confissão do presidente da Câmara de Borba em como conhecia desde 2014 os riscos de derrocada na estrada, que viria a ser notícia neste ano de 2018 - com cinco vítimas mortais, que poderiam ter sido muitas mais, se tivesse ocorrido em dia e hora de maior tráfico rodoviário! - atesta a razão porque rejeito os entusiasmos mediáticos com movimentos de cidadãos, que concorram às autarquias, ou com outros de carácter inorgânico como os que organizaram a arruaça dos coletes amarelos. Uns e outros, por muito progressistas que se assumam, contribuem sempre para minar a necessária confiança, que os eleitores devem ter nos partidos. Como costumo dizer a quem contacto durante as campanhas eleitorais, se têm tantas críticas a fazer aos partidos, porque não fazem o que é lógico: aderirem ao da sua menor antipatia, para, por dentro, tentarem que melhor se ajustem às suas pretensões?
Mário Soares era enfático na defesa do princípio de não ser exequível uma Democracia sem partidos. Por isso defendia que eles deveriam ter meios para cumprirem o papel de proporem alternativas diversas quanto aos rumos da governação. Os movimentos, como os que deram a Borba um autarca comprovadamente incompetente, denotam um voluntarismo raramente ajustado às realidades quotidianas de uma gestão complexa como o pode ser um território condicionado por tantas variáveis. Bem podem os jornais e as televisões transformá-los em ambíguos heróis na sua constante desconsideração dos políticos partidários, que só o pudor os leva a reconhecer a evidência das suas falhadas agendas editoriais. Ao contrário do que defendem os diretores de informação dos media a função destes não é a de criticarem permanentemente a governação ou a oposição, como se alguém lhes atribuísse a responsabilidade de serem provedores dos seus imaginários leitores ou espectadores. Devem sublinhar tanto o negativo, como o positivo, mas sobretudo ser-lhes ia exigido imbuírem-se daquilo que há muito deixaram de ser : formadores de uma opinião pública informada e com pensamento crítico.
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