Os jornais dos últimos dias andaram pródigos em entrevistas e artigos de opinião de quem advoga a ideia do risco de nos estarmos a sujeitar ao estado chinês, que estaria a ganhar estratégico ascendente político graças aos investimentos na economia nacional. Curiosamente os mesmos jornais e opinadores não se manifestaram, quando Passos Coelho andou a vender-lhes empresas de interesse público tão óbvio, que nunca deveriam ter deixado de estar inseridas no setor empresarial do Estado.
A esses opinadores nenhum jornalista questionou quanto ao que tornaria os Estados Unidos - já que dois deles até vinham adornados da condição de professores na Universidade de Yale - mais democráticos do que a República Popular da China. Será que a superpotência asiática tem pior currículo do que os rivais ianques na sabotagem de regimes a ela desafetos, criando condições para que os seus líderes sejam derrubados, senão mesmo assassinados? Será que a NSA que a todos nós vigia é uma criação de Pequim ou não está na recente prisão de uma das mais importantes responsáveis da Huawei no Canadá, a pedido das autoridades norte-americanas, a motivação dessa marca de telemóveis trazer encriptação, que frustra os intentos da sua espionagem? Será que a dificuldade de um qualquer cidadão chinês em ascender a cargo de poder por não pertencer ao partido único será maior do que a de qualquer norte-americano só elegível mediante abastada fortuna própria ou generosos doadores, que fazem dele dócil marioneta?
Se o regime chinês não cumpre os padrões estabelecidos pelos exploradores de hoje quanto ao que significa Democracia, será que o protofascismo trumpista revela-se mais bonançoso? Os próprios norte-americanos dão-nos as respostas de muitas maneiras como o vão destilando as notícias quotidianas. Ontem, por exemplo, ficou-se a saber que mais de 40 mil pessoas morrem anualmente nos EUA devido às armas de fogo e que, 60% delas, sucumbem por suicídio.
Os miseráveis latino-americanos, que se deixam enganar por mafias várias, e acorrem à fronteira dos EUA com o México, não fazem uma pequena ideia do inferno para que querem emigrar. Há muito tempo que a terra do tio Sam é a dos sonhos e a das oportunidades, se é que alguma vez o foi...
Sem comentários:
Enviar um comentário