quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Marcelo e Nogueira: o esforço cúmplice de devolverem a governação às direitas


Ainda ontem aqui escrevi que Marcelo está disposto a dificultar a vida ao governo socialista no ano que vem, e ainda nem passámos o réveillon e já ele deu demonstração prática das intenções sabotadoras destinadas a inviabilizar uma maioria parlamentar adversa ao seu ideário, abrindo-lhe as portas para impor a agenda de direita, que é a sua, no próximo mandato presidencial.
A reação de Mário Nogueira é exemplar quanto quem é realmente: ufanar-se da vitória numa batalha, quando é o resultado final da guerra a estar em causa. Porque não é por enfraquecer o governo socialista, que fortalecerá o seu partido, e o reverso da moeda poderá ser o regresso das direitas que, rapidamente, voltarão a congelar carreiras e a fazer cortes nas remunerações e nos direitos de quem trabalha para o Estado. Mas desconfio que, quem foi tão brevemente professor, porque se profissionalizou décadas a fio como sindicalista, pouco lhe importe o futuro dos colegas. Até porque já antevê próxima a idade de se reformar, altura em que se julgará a salvo das consequências adversas de eventuais vitórias de Pirro conseguidas nesta altura. Deveria, porém, lembrar-se de que aqueles para quem funciona como idiota útil ao facilitar-lhes inquietantes vitórias futuras, são os mesmos que previam retirar aos pensionistas os mesmos 600 milhões de euros, que ele quer agora impor como inviável custo adicional às Finanças Públicas, com uma tomada de posição cuja eventual justiça nunca deveria de ser contrabalançada com a forte possibilidade de tudo deitar a perder…
Para já fica uma certeza: o acréscimo de rendimentos, que os professores iriam conhecer a partir de janeiro com o que a lei não promulgada por Marcelo lhes propiciaria, esfuma-se com esta decisão. E deixa sempre espaço para evocar alguns provérbios populares: pode muito bem ter acontecido que prescindindo de um pássaro na mão, visando dois a voar, os professores tenham tudo perdido por tudo quererem. Até porque, para os demais cidadãos nacionais, não constituem uma classe particularmente popular por estes dias...

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