segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O esforço de quem aposta no desgaste permanente de António Costa


Há três dias, quando a arruaça dos coletes amarelos foi o que foi, Daniel Oliveira considerou que a comunicação social constituíra o motivo maior de piada nacional, por terem sido publicadas mais notícias sobre o arremedo de evento do que participantes nele comprometidos. E condenou a promoção gratuita da iniciativa lançada por um movimento inorgânico, que apenas ganhou imerecido realce por ação de “uma imprensa sedenta de mistério e modernidade”, que nem sequer questionou a sua natureza. E concluía que esses jornalistas, que nem sequer pensaram no significado do que se preparava, estarão condenados a ficar aturdidos no dia em que - esperemos que não! - um imitador de Trump ou de Balsonaro tomar o poder, só então se predispondo a perceberem como tal se revelara possível. Sem ajuizarem a sua própria responsabilidade no sucedido.
Voltei a pensar nesse artigo de opinião ao deparar-me com a mais recente sondagem da Aximage, que fez cair António Costa para índices de popularidade negativos, aí se juntado a Rui Rio e a Assunção Cristas, já que só Catarina Martins e Jerónimo de Sousa estão acima da linha de água. E até Marcelo não se safa, porque vê igualmente o mesmo indicador a cair.
Como se compreenderão estes números se a realidade social e económica do país está em franca melhoria e se não quisermos tudo explicar pelo carácter suspeito de quem faz esses estudos de opinião? Explica-o a atitude de um certo jornalismo, que arranjou o perverso argumento de ter por função denunciar o que possa estar mal na governação, porque informar do que ela vai fazendo de positivo seria «propaganda».
Esse tipo de argumento nem sequer se cinge ao jornalismo de sarjeta, porquanto o vi assumido por quem dirige órgãos de referência - caso do diretor do «Público» por exemplo—que, nem sequer coloca a hipótese de respeitar um equilíbrio entre as boas e as más notícias para o governo em nome de um sentido deontológico da objetividade. Temos, pois, uma imprensa de bota-abaixo, que, nos últimos quatro anos - já que a atitude vem do tempo das Primárias do PS -  sempre se predispôs a ataques de carácter a António Costa, quando não chegou mesmo a enveredar por tiques implicitamente racistas.
Há, igualmente, um movimento sindical, que deixou de ser justamente reivindicativo, tornando-se corporativo no pior sentido e, por isso mesmo, filiado num substrato inconscientemente salazarista e de que, as lutas dos enfermeiros, dos professores ou dos juízes ou dos magistrados são exemplo.
O jornalismo e os sindicatos não querem saber de quanto foi conseguido com este governo - a reposição de salários, pensões e direitos laborais - que pôs termo à deriva totalitária dos serventuários da troika. Como se desejassem o rápido regresso a esses tempos infaustos. E a opinião pública começa a dar sinais de se deixar por eles manipular depois de três anos a desprezar-lhes os intentos.
É certo que a mesma sondagem continua a atribuir 53,3% para os partidos da atual maioria parlamentar contra 33,4% para os da direita par(a)lamentar. Mas há que levar em conta os alertas suscitados por esta sondagem, mantendo as condições para que o rumo seguido nestes três anos não se perca.

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