Se há virtude, que devemos reconhecer em Marcelo Rebelo de Sousa é a da coerência. Por muitos selfies e abraços, que tenha distribuído aos que pretende manter iludidos quanto à sua natureza, ele continua a ser exatamente o mesmo filho de fascista a quem a Democracia reciclou numa coisa híbrida, mas eivada da sempiterna defesa dos grandes grupos económicos e do patronato em geral.
Quando se trata de decidir o que quer que seja, sobre as leis propostas para promulgação, ou simplesmente em preparação, Marcelo cuida de marcar a linha vermelha, que alerta não deixar ultrapassar.
A respeito do Serviço Nacional de Saúde - cuja criação recorde-se que mereceu o seu voto contra quando era deputado na Assembleia da República - apressou-se a vir-se pôr ao lado da lobista Maria de Belém que, com o seu grupo de consultores, formulara uma Lei de Bases defensora dos interesses privados e das oportunistas Misericórdias, em detrimento dos hospitais e clínicas do setor público. Aproximando-se bem mais dos princípios defendidos pelo criador do SNS, António Arnaut, que subscrevera com João Semedo uma proposta de reactualização da Lei existente, a ministra Marta Temido cuidou de aparar tudo quanto pudesse prejudicar a medicina pública e beneficiasse os que fazem da saúde dos portugueses um negócio.
Já não bastava que a ministra tivesse encontrado no próprio Conselho de Ministros a oposição dos que nele têm assento e mantém firme resistência ao espirito da atual maioria parlamentar, e já conta com o aviso de Marcelo em como é na lobista dos grupos económicos privados, que se reconhece.
Mas Marcelo não prevaricou apenas nesta questão, já que veio alegar que a mudança na composição do Conselho Superior da Magistratura careceria de revisão constitucional, o que é redondamente falso e é indesculpável erro num catedrático da Faculdade de Direito. Depois, e porque por aí, não impediria que a proposta de Rui Rio fosse por diante e pudesse vir a contar com o apoio do PS, logo cuidou de dar a mão aos que têm vindo a denegrir a Justiça nos últimos anos, assegurando que, por ele, tudo continuará tal qual está.
Desde o primeiro dia que afirmo não ser Marcelo o tipo de Presidente que os portugueses necessitam. Nestas reiteradas tomadas de posição em prol dos interesses privados e colocando-se ao lado dos que tanto desejariam impor a judicialização da política em vez de se subordinarem aos poderes efetivamente eleitos pelos portugueses, ele confirma ser um equívoco, que importa desmascarar e não reeleger...
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