Em maio de 1948 setecentos e cinquenta mil palestinianos foram expulsos das suas casas e terras para que se criasse o Estado de Israel. A setenta anos de distância os descendentes não se conformam com o esbulho de que foram vítimas as suas famílias e insistem em exigir o retorno ao território, que já foi seu.
Se os acordos de Oslo poderiam criar justas expetativas de criação de uma nova realidade em que os dois povos pudessem conviver pacificamente em outros tantos Estados, quiçá capazes de fomentarem sinergias vantajosas para uns e para outros, os radicais de ambos os lados encarregaram-se de tornar impossível essa desejável solução.
Numa fogueira, que já arde com grande intensidade, ainda há quem vá acrescentando mais óleo para a alimentar. Netanyahu com a criação de sempre mais colonatos e muros de segregação (no sentido estrito e no figurado), Trump com a mudança da embaixada para Jerusalém e o Hamas com formas de luta, que se traduzem em fazer dos habitantes de Gaza carne para canhão de uma guerra, que é simultaneamente contra os israelitas, mas também contra a Autoridade Palestiniana.
A dezena e meia de mortos desta semana, vitimados por balas israelitas só acrescenta nomes a um vasto rol de vítimas, que não haverá forma de travar. Neste caso bastou o exército israelita assassinar um camponês, que andava a apanhar salsa para que a indignação de jovens palestinianos se manifestasse. A racionalidade está ausente de um morticínio permanente, que continuará a enlutar as famílias da região. Sobretudo, porque o regime sionista ainda não percebeu que, mesmo ganhando sucessivas batalhas, o resultado final da guerra tenderá a derrubá-lo. A menos que, por pressão interna e externa, surja uma nova liderança mais clarividente capaz de retomar a esperança de paz declarada inexequível depois do atentado, que vitimou Rabin em 1995.
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