segunda-feira, 9 de abril de 2018

Até quando seremos obrigados a contribuir para as estratégias do Pentágono?


Datado de 6 de abril, o artigo «Europa abre-se à livre circulação da máquina de guerra» é muito pertinente nos alertas, que lança sobre a crescente militarização da União Europeia e da NATO com consequências previsivelmente muito gravosas para os povos do nosso continente.

José Goulão alerta para a submissão dos governos europeus aos ditames do Pentágono, que anda a exigir o financiamento de obras públicas necessárias para uma melhor movimentação de efetivos militares nos seus territórios. A tradução de tais orientações, vindas de além-Atlântico, encontraram tradução no documento «Plano de Ação para a Mobilidade Militar» distribuído em 28 de março transato aos governos europeus membros da NATO. Nele se refere a urgência na adaptação de pontes e vias férreas, que não apresentem capacidade de carga suficiente para comportarem com as máquinas militares da organização. O mesmo documento não restringe essas futuras movimentações militares aos requisitos da «ameaça russa», porque também podem servir para esmagar levantamentos populares e outros «distúrbios de índole social» em qualquer dos Estados-membros.

O Pentágono já não se contenta em exigir que cada Estado europeu aplique 2% do seu Orçamento na Defesa, garantindo assim vida farta para as empresas do tal complexo industrial-militar tão precocemente denunciado como perigosíssimo pelo antigo presidente Eisenhower. Agora exige a criação de um «Schengen militar» em que a NATO intervirá mais facilmente em situações como as que se verificam atualmente na Catalunha tão só os independentistas decidissem transformar a sua luta pacífica contra a ditadura espanhola numa insurreição popular.
O general Ben Hodges, que liderou as forças terrestres na Europa, é um dos gurus deste iminente atentado ás soberanias dos povos europeus, tendo defendido em 2015 a livre circulação dos exércitos da NATO pelos países a ela pertencentes, sem o estorvo das leis nacionais nem dos procedimentos alfandegários. Convertida em voz do dono, a Comissão Europeia já deu indicações aos seus membros para que identifiquem as alterações necessárias para essa livre circulação de exércitos multinacionais e cuidem do seu financiamento, muito embora se abra alguma possibilidade para uns subsidiozinhos, que facilitem o cumprimento do objetivo.
Azevedo Lopes, ministro do atual governo, participou no Conselho do Atlântico Norte de 8 de novembro transato em que se discutiram as habilidades necessárias para contornar esses impedimentos legais, assim como terá estado na reunião de 15 de fevereiro em que se criou um Comando Logístico destinado a exequibilizar essas intenções belicistas.
Significa isto que, depois de termos sido chamados a resgatar o sistema financeiro, ainda temos de pagar as intenções agressivas do Pentágono em nome de um eixo euro-atlântico, que não faz qualquer sentido. Se Trump quer satisfazer os amigos, que ganham fortunas à conta de produzirem armamento militar, que não conte com os «trouxas» europeus, que se dão à degola em nome de absurdos conceitos geopolíticos. Embora o governo que apoio se tenha comprometido a respeitar os Tratados  a que o país está vinculado, continuo a defender a dissolução definitiva da NATO ou a sua substituição por organização similar, que congregue os países da União Europeia, mas se liberte do espartilho imperialista, incapaz de olhar para este lado do Atlântico de outra forma que não seja a de sua mera colónia.

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