terça-feira, 10 de abril de 2018

Uma mão-cheia de sinais destes tempos turbulentos (I)


 1. Não sei ainda em que circunstâncias é que Assunção Cristas disse a frase: “A cultura não pode ser uma área em que a direita está proibida de entrar”, mas convenhamos que defender a continuação da tourada como barbárie pública e convidar Ágata como candidata autárquica não dá grande justificação para que, quando se trata desse importantíssimo setor da sociedade portuguesa, o CDS seja tido ou achado para o que quer que seja.

 2. O Bloco de Esquerda anda a querer rivalizar com o PCP para ver qual dos dois consegue chegar às eleições legislativas ostentando na lapela a flor dos antecipadamente reformados por terem alcançado os 40 anos de descontos mais cedo do que a idade normal para solicitar esse direito. Será justo que, dentro do limite do possível, o governo possibilite que toda a maioria parlamentar tenha razões para reivindicar tal benefício.

 3. Não são precisas mais provas que demonstrem como Emmanuel Macron se inseriu num governo dito socialista para melhor o sabotar e surgir depois, com um falso alinhamento à esquerda nas eleições que o levariam ao Eliseu. Mas vale sempre a pena ir anotando as evidências, que corroboram esse juízo: agora, ao discursar perante os bispos franceses lamentou a distância criada entre o Estado e a Igreja no que constituiu uma afronta flagrante à lei de 1905, que instituiu a rigorosa laicidade do Estado francês.

Todas as esquerdas apressaram-se a manifestar a justificada indignação!

 4. A propósito do suposto ataque químico em Douma o ministro dos Negócios Estrangeiros russo exigiu que seja a Organização Internacional sobre as Armas Químicas a conduzir a investigação, que confirme ou desminta a tese de Trump e de Macron sobre a responsabilidade de Bashar al Assad. Como de costume - viu-se com a escusa de Theresa May permitir uma investigação independente ao alegado atentado ao espião russo e à sua filha! - os difamadores fincam pé na infâmia e furtam-se a permitir a entrada em cena de quem poderia concluir o que se suspeita: por muito que clamem pelo surgimento do lobo, ele de facto não aparece. Como o Pedro na história, pouco faltará para que não sejam sequer levados a sério.

 5. Com toda a legitimidade que lhe é conferida pelo procurador especial Robert Mueller, o FBI fez uma busca aos escritórios do advogado pessoal de Donald Trump, sendo provável a aquisição de provas quanto ao pagamento a atrizes porno para que se silenciassem quanto às passagens do famoso cliente pelos seus frequentados leitos. Com a megalomania de uma Luís XIV, o inquilino da Casa Branca queixou-se de um  ataque ao Estado norte-americano.  Que atingiu o limiar mais baixo de uma obscena indecência...

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