sexta-feira, 20 de abril de 2018

Não é todos os dias, mas hoje deu-me para a maledicência


(1) Quando José Sócrates era primeiro-ministro a Mota-Engil assegurou os serviços de Jorge Coelho como um dos seus principais decisores.
Chegou o governo de Passos Coelho e, como já não seria tão útil para quem lhe pagava o ordenado, o comentador da «Quadratura do Círculo» foi devolvido à precedência. E, como quem veste o hábito acaba por lhe ver formatar a mente, temo-lo visto nos últimos dois anos e meio aa quase não disfarçar o incómodo com os parceiros da maioria parlamentar. Daí que lhes tenha atribuído função injustamente menor nos benefícios colhidos pela maioria dos portugueses com as politicas desenvolvidas nos últimos anos.
No entretanto, e porque ajuizou erradamente que a PàF continuaria a ser governo António Mota atribuiu a Paulo Portas um cargo, que só se explica pela agenda de contactos por este criada durante a passagem pelos ministérios de que foi titular. Mas competências bastantes para justificar tal emprego ninguém se atreveria a considerar que os tivesse.
Agora, convicto de que o Diabo acabou por não vir, e promete ser longa a permanência socialista no governo, o dono da empresa de construção civil constatou ser necessário o restabelecimento de pontes com quem manda e irá mandar. Ei-lo, por isso, a recuperar Jorge Coelho, devolvendo-lhe uma importância, que se coadune com a perspetiva de se revelar facilitador nos negócios do patrão.
A sucessão de factos fala por si e desqualifica sobretudo o antigo dirigente socialista, que parece grato por ser tratado como descartável numas circunstâncias e novamente aproveitável noutras politicamente opostas...
(2) Muito frequentemente o Bloco de Esquerda incomoda-me com os seus sintomas da tal doença infantil, que um tal Vladimir teorizou há mais de cem anos. Daí que, comprometedoramente surja vezes de mais de mãos dadas com o outro extremo das bancadas parlamentares.
Entendamo-nos em definitivo: melhor Democracia implica mais generosas remunerações a quem se dedica ativamente à política a tempo inteiro, sob pena de dela verem-se afastar os mais dotados e competentes. Alinhar nas lógicas politiqueiras de considerar que a militância exclusiva deveria confundir-se com mero voluntarismo pode enganar incautamente os mais permeáveis a tal demagogia, mas constitui um imperdoável favor a quem muito gostaria de fazer das decisões coletivas uma coutada só sua.
(3) Quando os imbecis assim se portam à minha frente não tenho grande paciência para lhes travar a demonstração de inépcia. Normalmente os mentecaptos desqualificam-se pelo que dizem, ou fazem, sem que tenhamos de mover um dedo para lhes apontar as palermices. Mas, quando um desses biltres consegue ter tempo de antena na televisão e espaço exagerado nalguns jornais, vale a pena prescindir desse princípio e associá-lo pelo menos a um conjunto bem merecido de epítetos.
É o caso de João Miguel Tavares, que assinou uma prosa abjeta sobre a titularidade de Ferreira Fernandes como novo diretor do «Diário de Notícias». O seu crime? Distinguir-se dos demais diretores de jornais e de canais televisivos quanto ao ideário político, que lhe fundamentam os textos.
Para o pascácio dessa coisa esdrúxula, que é o «Governo Sombra», os meios de informação deveriam ser totalmente controlados por quem possui ADN inequivocamente de direita. Se não for o caso lá vem o Tavares das cangalhas pinochetianas a gritar «Agarra, que é esquerdista!!!»

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