É o habitual clássico do fim-de-semana: constatar que queixinha quer Marcelo fazer aos portugueses sobre António Costa utilizando para tal as páginas do «Expresso» assinadas por Angela Silva?
Desta vez o demagogo de Belém que, no discurso do 25 de abril, proferiu uma diatribe precisamente contra o mesmo tipo de populismo de que tem revestido quase todas as suas ações enquanto Presidente, veio revelar o quão ofendido ficou com o comentário do primeiro-ministro relativamente ao misterioso sentido do que dissera. E desejoso de rebaixar o inimigo de estimação, tratou de lhe interpretar palavras posteriores como se contivessem um implícito pedido de desculpas.
No artigo desta semana Marcelo vai mais longe e lamenta-se que, quando as coisas correm bem para o governo, Costa quase não lhe passa cartão, mostrando-se «autossuficiente». Ora há lá algum Narciso, que goste de se ver secundarizado por quem mostra dificuldades em esconder a antipatia? Filho e afilhado de quem foi, nunca deixará de se ver imbuído de uma natureza elitista, que despreza os plebeus chegados ao poder e contra os quais fará tudo que estiver ao seu alcance para os prejudicar.
Não se estranha assim que, noutros textos, se conclua da permanente ocupação dos assessores para lhe arranjarem balas de arremesso, comprovadamente certeiras, sobretudo implicando os diplomas aprovados pelo governo e pela assembleia, só carecidos da assinatura presidencial para prevalecerem na jurisprudência nacional. Para já a primeira vítima poderá ser a nova legislação sobre a descentralização, que Costa e Rio haviam concertado e sobre a qual pende o novo lápis vermelho da censura.
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