sexta-feira, 13 de abril de 2018

Quase nada do que Trump anuncia é para cumprir


Abordando a crise suscitada pelo alegado ataque com armas químicas na Síria, Ferreira Fernandes lembra no «Diário de Notícias», quanto os governos norte-americanos costumam dar sinais errados daquilo, que irão fazer em cada circunstância. Foi por ter lido nas palavras do secretário de Estado Dean Acheson em como a linha vermelha a não ultrapassar, se cingiria ao Japão, que Kim il Sung fez avançar as suas tropas para a conquista de Seul em 1950, iniciando uma guerra, que culminaria três anos depois com a morte de um milhão de soldados e de dois milhões de civis até serem declaradas tréguas, que duraram até hoje.
Da mesma forma, quando Saddam Hussein quis saber qual a reação norte-americana à iminente invasão do Koweit - Estado sem raízes históricas, porque mera criação do colonialismo britânico - convidou a embaixadora em Bagdad para um chá, ficando convencido da complacência da Casa Branca para com a invasão preparada para oito dias depois. O que se seguiu muito deve ter surpreendido o líder iraquiano, sobretudo porque orientara o seu regime de pró-soviético para alinhado, sobretudo nos negócios, com os parceiros ocidentais.
Segundo o diretor do matutino, esses exemplos deveriam alertar Bashar al Assad para a ilusão da pujança do escudo russo, que lhe garante proteção. Mas onde a lógica desta tese peca por irrelevante é no facto de Trump não se poder, em nada comparar a Truman ou a George Bush. Aquilo que era racionalidade nos seus antecessores, é contraposto pela pródiga irresponsabilidade do atual presidente.
Valha-nos o facto de, como é próprio dos poltrões, ele tanto ameaçar, como logo se obriga a dar o dito pelo não dito. E a escusa de Paul Ryan em brigar por um novo mandato para o Senado é bem esclarecedora quanto aos dados de que dispõe a respeito dos resultados eleitorais previsíveis em novembro deste ano.  Se Obama passou grande parte da sua presidência manietado pelo sistemático boicote das maiorias republicanas no Senado e no Congresso, Trump corre sérios riscos de se ver impugnado na segunda metade do ano, ficando o ultrarreacionário Pence a contas com a incapacidade em contrariar a maioria democrata.

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