terça-feira, 17 de abril de 2018

SIC e Expresso: a mesma falta de deontologia ao serviço de suspeita agenda ideológica


A falta de ética do universo «informativo» de Francisco Balsemão tem conhecido uma demonstração quase quotidianamente comprovada no que dele advém como material noticioso. No sábado foi a manchete sobre as viagens dos deputados insulares, que abrangem os principais partidos, mas feita à medida para pôr em causa o presidente do Partido Socialista, Carlos César.
A desonestidade argumentativa das autoras da peça não chegava ao ponto de considerarem ilegais as práticas em causa, mas lá arranjaram uns causídicos - há sempre quem arranje fundamento para defender o indefensável tão só corresponda à sua agenda ideológica! - para justificarem a criação do pretendido clima de suspeição.
O interesse editorial do «Expresso» parece já não se contentar com a defesa dos partidos de direita, já que vai abrindo caminho para a tese fascista de todos os partidos albergarem corruptos, mesmo que eles ganhem maior relevância se forem socialistas. Sendo a corrupção aqui inexistente, porque cumpridora das regras definidas legalmente para salvaguardar os custos das viagens dos deputados, quando devem regressar a casa ao fim-de-semana ou tenham compromissos com os seus eleitores para cujo contacto se desloquem, tudo vale para enlamear a reputação de quem tomem como alvos preferenciais do permanente esforço de abrirem espaço a «puritanos» do tipo dos que em Itália ou no Brasil vão mostrando na prática para onde conduz esta forma de «jornalismo».
Em vez de relevarem os aspetos positivos, que a governação está a conseguir e o quanto o clima social mudou de há dois anos e meio para cá, os escribas do «Expresso» acentuam o que de negativo possa subsistir ou possa ser falsamente insinuado para dar a ideia de um país deprimido, muito diferente daquele que fazem por omitir.
Mas a cereja em cima do bolo aconteceu ontem à noite, quando fiz zapping na SIC Notícias e dei com a inacreditável exibição dos interrogatórios a José Sócrates por parte dos procuradores, que o procuram culpabilizar num processo kafkiano de contornos inequivocamente duvidosos.
Se pretendiam dar força aos seus argumentos, pecos em verosimilhança relativamente ao que pretendem provar, o pouco que suportei deu a ideia contrária: o «animal feroz» confrontava-os com galhardia perante as irrisórias elucubrações, que as doentias mentes haviam conjeturado. Mas esse é o aspeto que menos importa na exibição pornográfica de documentos, que nunca deveriam sair da proteção devida ao segredo da Justiça e aos direitos do acusado quanto à presunção da sua inocência. Importa, sobretudo, pensar o que Ricardo Costa poderá evocar para considerar, que ainda tem algum respeito pela deontologia, que, como jornalista, deveria praticar? Ou o que poderá ainda evocar Joana Marques Vidal para alhear-se da clara demonstração dos métodos obscenos da equipa comandada por Amadeu Guerra e Rosário Teixeira, donde só poderiam ter provido tais imagens? Sobretudo, quando mostra tão pouca proatividade para atuar sobre quem a TVI acaba de denunciar como causadores dos homicídios de outubro passado com o incêndio criminoso do Pinhal de Leiria. E Marcelo poderá continuar silencioso com tudo quanto de irregular tem ocorrido na Operação Marquês e a que, como máximo magistrado da nação, deveria preocupar?

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