No cartoon de hoje no «Público» Luís Afonso pôs o cliente do bar a considerar que a oposição interna do PSD estava a criticar a ausência total de Rui Rio durante o atual período político, ao que o barman contestou argumentando que se ele viesse a terreiro talvez fosse pior.
A realidade veio-lhe dar razão esta tarde com Rio a pronunciar muitos «achos», inseridos profusamente no seu discurso. Ora sabemos que o uso do «acho» revela uma notória insegurança em quem a ele recorre enquanto forma de justificar a subjetiva opinião, dissociada da objetividade dos factos. O «acho» equivale a quem, perante um interlocutor, que sente em situação de superioridade, enfrenta-o com os braços cruzados como se esperasse agressão e visse nessa postura a melhor forma de conter os golpes.
Se David Justino conseguira ser patético, Rui Rio decidiu imitá-lo reconhecendo que, acaso fosse primeiro-ministro, também teria declarado a crise energética e a requisição civil. Ou quando declarou a ignorância pelas condições de trabalho dos motoristas de acordo com o que leu nos jornais, como se os considerasse a fonte exclusiva de informação para poder emitir os seus «achos». Um líder com alguma seriedade cuidaria de informar-se mais consistentemente antes de fiar-se em argumentações apenas emitidas por quem protagonizava um dos lados e em quem abundaram mentiras e mistificações.
No final de tanto atabalhoamento Rio fez esquecer ao que vinha: repetir mil vezes que a culpa da greve fora dos socialistas, na ingénua crença de se ver acreditado por um eleitorado, que o despreza. É que não há quem não saiba tratar-se de um conflito entre privados e ao qual o governo só teve de moderar, garantindo a relativa normalidade da vida dos portugueses por ele inquietados.
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