quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A mafia fascista e a incompreensível doença dos seus complacentes defensores


Era uma vez um advogado que tirou o curso na Lusófona do Porto em 2014 e conseguiu a cédula profissional em 2017. Ninguém nos contou onde e como fez fortuna, mas conseguiu vistoso escritório, ainda mais reluzente maseratti e uma fotografia com Marcelo, que exibe com evidente gáudio na publicidade à sua recente atividade profissional.
Não sabemos se estudou afincadamente a conspiração dos camionistas chilenos, que conseguiram desestabilizar suficientemente o governo de Salvador Allende para que Pinochet chegasse ao poder e os premiasse com o fim do projetado investimento estatal na ferrovia, essencial para resolver muitos dos problemas estruturais do país. De qualquer forma, tenha ou não estudado esse papel dos camionistas na sabotagem do Estado de Direito de um país, até então, com grandes tradições democráticas na América Latina, o novel advogado conseguiu arregimentar uns quantos empresários individuais de transportes e outros tantos empregados do setor para criar uma organização mafiosa, que usa a chantagem sobre todos os portugueses para conseguir os seus fins que já ninguém acredita serem sequer económicos. Dessem-lhes os 148% em quatro anos que agora reivindicam e logo ameaçariam parar o país por objetivos a serem satisfeitos em 2030, em 2040, quiçá mesmo em 2050.
Que os seus intentos estão em sintonia com os neonazis, que se reúnem em Lisboa este fim-de-semana ou com a sua variante «coletes amarelos», que apelam a paralisar a ponte 25 de abril na segunda-feira, é evidência que só parece escapar a Catarina Martins e a outros dirigentes do Bloco de Esquerda cuja complacência para com a estratégia de quem deveriam tomar como seus efetivos inimigos só espanta quem os não vê, consecutivamente, incorrerem nos mesmos erros de sempre. Se julgávamos que teriam aprendido alguma coisa com o facto de terem ajudado a apear Sócrates para favorecerem a sua substituição por Passos Coelho, bem podemos sentar-nos à sombra à espera que o façam. Porque ideologicamente tomados por aquela doença infantil, que tanto tem afetado esquerdistas de todas as gerações, aí voltam a uma fase aguda traduzida na defesa do indefensável.
Não sei se, por esta altura, nas hostes bloquistas sobra alguém que intua quantos votos perderam por estes dias para o Partido Socialista à conta de uma estratégia, que escapa a muitos eleitores ate aqui dispostos a encará-los com alguma simpatia. No noite do dia 6 de outubro talvez compreendam o quanto a sua deceção poderá equivaler à irresponsabilidade com que vêm agindo neste assunto...

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