Por uma vez tenho de dar razão a um dos responsáveis editoriais do «Público», David Pontes, por ter assinado um editorial em que classifica de bufo o Sindicato Independente dos Médicos, liderado por um frustrado candidato laranja à Câmara da Amadora, que quis instar a Ordem dos Médicos a castigar os responsáveis clínicos dos hospitais públicos por estarem a organizar escalas de urgências sem o que consideram ser o número mínimo de profissionais. Como se a Ordem tivesse competências para ajuizar deontologicamente os referidos médicos por questões, que nada têm a ver com atos clínicos! Ainda assim, e como seria de esperar, o bastonário - que tanto tem rivalizado com a dos enfermeiros na competição para qual deles melhor servir os interesses das direitas e dos privados no setor da saúde! - lá veio a público manifestar apoio à delação como se tivesse matéria efetiva para castigar os colegas em causa.
Num e noutro caso é o que de pior pode haver na luta política o que está em causa, não só os métodos pidescos dos envolvidos como, sobretudo, o uso e abuso das instituições de que se dizem responsáveis para manterem o governo sob ataque cerrado.
E como estamos a cuidar de questões de saúde, veja-se a exploração, que se fez do bebé falecido no Hospital da Amadora-Sintra depois de transferido de Faro. Em qualquer altura do ano morrem bebés em circunstâncias análogas: uma gravidez de risco suscitada pelas diabetes da mãe e que acarreta o descolamento da placenta, associado a um insuficiente desenvolvimento dos pulmões relativamente ao que seria expectável no seu tempo de gestação.
Usar e abusar de um infausto acontecimento como se a incubadora pudesse evitar o inevitável é prova de tão poucos escrúpulos quantos os de Mário Nogueira quando, recentemente, quis relacionar a morte de quatro professores com situações de burning out e se viu desmascarado pelas famílias enlutadas dos colegas de que se quis tão indecentemente servir.
Enquanto as direitas vão-se entretendo com estas sucessivas provas de má-fé o desemprego voltou a cair para 6,3% e as taxas de juro da dívida nacional baterem recordes quer nos prazos a dez anos, quer a trinta anos. De facto só a maledicência serve de argumento às direitas para verberarem quem tão bons indicadores económicos e sociais continua a alcançar.
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