A semana começa com a greve desconvocada dos camionistas de matérias perigosas. Notícia positiva, que alivia as apreensões dos portugueses que condicionaram as deslocações pelo receio (viu-se que infundado!) de se verem forçados a encostarem à berma. Os açambarcadores ainda demorarão a reduzirem os riscos de acidentes para si e para os que moram nas suas proximidades, tendo em conta quanto tempo demorarão a gastar as indevidas reservas em bidões e jerricãs. Os que desejaram o caos para que o governo ficasse em xeque voltarão a transferir as melhores expetativas para os incendiários. E os camionistas podem, enfim, tratar do seu futuro a sério confiando mais nos dotes de Pedro Nuno Santos como negociador eficaz de interesses contraditórios do que no seu pardalão, definitivamente confrontado com os limites das suas golpadas. Provavelmente terão tido em abril a sua grande oportunidade, porque a Medway já veio anunciar a capacidade de transportar combustíveis por via ferroviária entre o Minho e o Algarve a partir de Sines, restringindo o recurso aos camiões nos pequenos trajetos entre os apeadeiros e os locais de consumo a exemplo do que já sucede entre Loulé o aeroporto de Faro.
Não se adivinhando o que possa ter estado subjacente a uma estratégia reivindicativa tão peculiar - embora os serviços secretos poderão ter dados que nos escapam e só transpiraram da missiva assinada pelo camionista a quem Marcelo pedira boleia meses atrás, tal qual no-lo revelou «Expresso»! - conclui-se que a reação do governo foi superlativa. Não houve arruaças, os postos de abastecimento puderam fornecer combustível a quase todos os clientes e o isolamento dos grevistas foi crescendo ao longo da semana.
Pelo contrário a oposição esteve patética com o Bloco a mostrar-se tão atarantado com a greve como os seus homólogos franceses, liderados por Mélanchon, a respeito dos coletes amarelos. Sendo evidente a conotação ultrarreacionária dos líderes de tais movimentos a iniciativa de promove-los a compagnon de route, se não mesmo a grandes heróis do proletariado, releva da mais absurda e irresponsável precipitação. Quanto ao PSD de Rui Rio é quase confrangedor falar, porque até quando quis atirar lama a António Costa, a propósito das férias durante os incêndios de Pedrógão Grande em Junho de 2017, errou totalmente o alvo, já que elas só aconteceram no mês seguinte ao dessa tragédia e não quando ela estava a ocorrer. Ao atual líder laranja ajusta-se na perfeição o ditado popular sobre quem costuma andar de boca aberta: ou entra mosca ou sai asneira. No seu caso parece que as moscas têm sido poupadas.
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