terça-feira, 27 de agosto de 2019

Entre a malvadez e a mediocridade


Os últimos dias têm sido de algum alheamento da realidade à nossa volta tendo em conta os benefícios colhidos num demasiado breve interlúdio «holandês». (Há lá tempo que baste para avós, que só usufruem a presença das netas algumas semanas por ano?) Ainda assim a atenção vem sendo cativada pelo crime ambiental na Amazónia, que só demonstra o já muito sabido: a mentalidade fascista consegue sempre superar as barreiras éticas, que julgaríamos intransponíveis. O povo brasileiro estava avisado sobre o que Bolsonaro lhes prometia e ele consegue ser ainda bem pior do que essa promessa de contínua barbárie. Como avançava um post nas redes sociais se a Amazónia é o pulmão da Humanidade, Bolsonaro consegue ser o intestino grosso. E, no entanto, não faltam opinadores televisivos e da imprensa escrita a debitarem bitaites relativizadores dos atos do energúmeno. A exemplo de Macron façamos votos para que o Brasil tenha um presidente respeitável no mais curto prazo de tempo, porque este será sempre recordado como um velhaco.
Em dimensão mais mitigada, mas igualmente inserida na categoria da infâmia, estão as reações de Rui Rio e David Justino em relação ao artigo do «Financial Times», que elogia a governação de António Costa e os resultados conseguidos pela maioria parlamentar nestes últimos quatro anos. Infelizmente um e outro têm desmentido a imagem impoluta de gente séria, que tinham construído anteriormente e se desmascara com tal fragor. Porque Rio e Justino sentem-se na obrigação de tudo criticar, como se vivêssemos no pior dos mundos possíveis. Não pretenderíamos que imitassem o Pangloss voltairiano, que em tudo via motivo de otimismo, mas far-lhe-ia bem alguma moderação porque, desta forma, tornam-se absolutamente incredíveis.
Há até uma grosseira infantilidade nas reações de ambos porque, neste caso, em concreto, replicam aqueles miúdos amuados da escola primária por ter sido o colega o merecedor dos elogios da professora. Quanto a Assunção Cristas verifica-se o que já é seu timbre: quando não lhe sobra imaginação para mais limita-se a replicar os falsos argumentos que melhor lhe convenham.
Se Bolsonaro consegue surpreender pela quotidiana malvadez, a direita lusa não se exime de uma incurável mediocridade...

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