sábado, 17 de agosto de 2019

Quando os polos se atraem


Porque vivi ilusões esquerdistas até há cerca de quarenta anos creio compreender o que vai passando pela cabeça de Catarina Martins e outros bloquistas, quando transformam em ouro proletário o que não passa de pechisbeque de fancaria. Dos camaradas de então a muitos vi aterrarem nos partidos das direitas o que deu para perceber o quanto haviam servido os efetivos interesses da sua Classe ao quererem todos ultrapassar pela esquerda. Como foi exemplo paradigmático o biltre, hoje na Goldman Sachs, que chegou a roubar mobiliário da Faculdade de Direito, enviando-o para a sede do MRPP na Av. Pedro Álvares Cabral, havendo aí quem, com sensatez, mandou recambiar de volta tão «generosa» oferta. Ou quantos se proclamavam tão antirrevisionistas, que se aliavam às ultradireitas para combaterem os que diziam sociais-fascistas.
Tais exemplos demonstraram que os esquerdistas do meu tempo ou tinham a ingenuidade própria da pós-adolescência (o meu caso) ou norteavam-se por projetos pessoais, que viriam depois a explicitarem-se sem escrúpulo.
Naturalmente sinto tristeza quando vejo as gerações seguintes nada aprenderem com os erros das mais velhas. E, nesta altura, o Bloco está tão assustado com a possibilidade de se ver arredado dos corredores do poder perante a possibilidade da maioria absoluta do Partido Socialista, que não enjeita a oportunidade de associar-se a um movimento reivindicativo mais do que duvidoso, não vendo quão nocivo é essa oportunista manobra tática. Querendo evitar aquilo que considera um mal dá a mão a quem não tardaremos a encontrar nas hostes do Chega ou de qualquer outra coisa igualmente repulsiva. Se tais companhias incomoda o Bloco, que mais poderemos dizer?

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