sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Caminhos simples e errados ou difíceis e viáveis


Na sua crónica desta sexta-feira, Rui Tavares refere o desenho de Wiley Miller em que, relativamente à ciência contra quer que se lhe oponha, a enormíssima maioria das pessoas escolhe a resposta mais fácil, mesmo que errada, precipitando-se no fatal abismo, enquanto são poucos os que arriscam esforçada ascensão de uma montanha.
O que se segue é a perspetiva pessoal do autor com a qual manifesto divergências, que não vêm aqui ao caso. O referido desenho é elucidativo quanto a uma série de dogmas, que muitos tomam como certos, mas de nenhuma solução lhes serve para os anseios ou inquietações. Tomemos, por exemplo, o caso do capitalismo que demasiados ainda acreditam ser o sistema capaz de lhes garantir prosperidade e bem-estar. Que as crescentes desigualdades por ele promovidas tendem a empobrecer milhões de pessoas, ademais na primeira linha das vítimas do aquecimento global do planeta, sobre que tardam medidas eficazes e urgentes, não sobram grandes dúvidas. Nesta altura em que o próprio Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas acaba de publicar mais um relatório assustador que incentiva a população mundial a adotar outras dietas alimentares, que não as provenientes de proteínas animais, só a ganância dos fundos de investimento e dos especuladores financeiros, que os movimentam, impede que a Humanidade escape ao anunciado apocalipse.
A direção correta a tomar é a outra, a que implica esforço e pressupõe uma opção política, social e económica socialista, mas haverá que a saber atualizar para lhe evitar os erros das aplicadas em fracassadas experiências anteriores.
O desenho de Miller pode, igualmente, aplicar-se ao confronto entre ateus e os crentes das várias religiões. Pessoalmente não consigo entender como é possível ter chegado ao nível de conhecimento científico deste século XXI e ainda tantos acreditarem nos vários deuses, que lhes alienam as mentes e lhes sonegam as racionais interpretações da realidade. As multidões em Fátima, em Meca ou nas ruidosas cerimónias religiosas indianas são as mesmas que escolhem respostas simples, mas erradas, para os seus arroubos místicos, enquanto os ateus sobem a íngreme ladeira, que os conduz ao cume donde se depreende a obrigatoriedade de, esquecendo as inexistentes transcendências, só depender da Humanidade, da sua sagacidade e inteligência, a superação dos perigos, que a inquietam.

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