Costuma dizer-se que, mais do que errar, importa aceitar a derrota e perceber o seu porquê. Parece ter sido isso, que Marcelo aconselhou aos enfermeiros depois de conhecida a decisão do Supremo, que prioriza os direitos dos doentes em relação aos dos grevistas. E estendeu a recomendação aos demais funcionários públicos que esquecem a importância do bem comum em relação aos seus interesses individuais ou de classe profissional.
Não se entenda com isto que fiquem em causa os direitos de reclamar, ou até de fazer greve, mas a impopularidade dos mais aguerridos contra um governo, que lhes afiança não haver margem orçamental para lhes satisfazer tudo quanto ambicionam, explica-se pelo facto de se saber o quanto recuperaram em rendimentos e direitos desde a forçada marginalização da coligação de direita dos instrumentos do poder. E há quem não esqueça - e diria que é uma parte significativa do eleitorado! - quão calados e passivos estiveram esses vociferantes contestatários durante o período compreendido entre 2011 e 2015. Se não investem esforços pelo regresso dos partidos das direitas ao governo, parecem-no fazer com grande ardor!
Furor também foi o do discurso demagógico de António Mexia na Assembleia, que indigna quem o ouviu pelo descaramento nos argumentos. A petulante criatura, que conhecêramos como craque do risível governo de Santana Lopes, conseguiu suficiente influência para garantir a saída definitiva do Estado do capital da EDP, afiambrando-se com o cargo de Presidente do Conselho de Administração, aliciando os acionistas privados com o monopólio quase total da população portuguesa como seus clientes e tratando de conseguir para si e para os amigos - mormente para o “apintelhado” Catroga! - remunerações milionárias. Agora vem-se queixar das supostas exigências excessivas do Estado, procurando convencer quem o ouviu da possibilidade de borlas duradouras para os consumidores se quem perdeu um valioso anel, ainda aceitasse prescindir do dedo? Provavelmente, se Mexia & Cª vissem reduzidos os salários e complementos para o seu efetivo merecimento, baixaria significativamente a fatura mensal dos seus insatisfeitos clientes.
Topete também não falta à família de Rui Moreira a propósito da compra ilegal de um valioso terreno camarário na escarpa adjacente à ponte da Arrábida. Não contentes com a decisão do Tribunal quanto a nenhuns direitos terem por tal espaço, que ambicionariam transacionar em milionário negócio imobiliário, anunciaram recorrer. O autarca em causa não vê na disputa judicial qualquer conflito de interesses com a sua manutenção no cargo. Mas só ele assim ajuizará, porque qualquer observador sensato conclui facilmente o que significa essa remake do episódio da Olívia patroa e da Olívia empregada na sua pessoa.
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