Ando-me a sentir um «unhas de fome» e começo a perguntar se me devo sentir de consciência pesada por não ter alinhado em recentes campanhas de crowdfunding, que parecem ter sido tão bem sucedidas em matéria de generosidade alheia.
Não dei um cêntimo para financiar a luta dos enfermeiros e ei-los vaidosos dos mais de setecentos mil euros angariados. Fiz orelhas moucas ao apelo do «menino-guerreiro» para que o ajudassem a financiar o seu mais recente capricho e ei-lo a discursar perante uma sala decorada ao melhor estilo dos grandes partidos. Embora não tenha confessado quanto embolsara das vítimas do seu conto do vigário, podemos concluir, que terá sido verba assaz generosa.
Ontem, num dos jornais por que passei os olhos, li a opinião de quem considerava que o autoproclamado presidente do novo partido da direita é uma espécie de inimputável a quem tudo se desculpa.
Compreende-se! Estamos numa fase da Psiquiatria em que só se mantém fechados os loucos furiosos, porque os demais podem andar entre nós, que quase não nos chamam a atenção com os seus singulares sintomas. Quando excecionalmente damos por eles até podem suscitar-nos o sorriso complacente pela originalidade dos seus gestos ou palavras. Mas, convenhamos que Santana anda a perder qualidades: dantes ainda nos conseguíamos rir com as suas sinfonias de Chopin. Agora afirma que o país estaria uma maravilha (nem provavelmente teria passado pelo período da troika!) se Sampaio o não tivesse despedido em 2004 a pretexto da sua manifesta incompetência para a função e recebe aplausos de quem parece nisso acreditar.
Vivemos, de facto, tempos curiosos porventura suscitados pela estupidificação acelerada, que os programas televisivos da manhã e da tarde têm incutido num público de invertebrados. Sabe-se que nos bastidores desses programas o realizador manda o respetivo assistente levantar cartazes a incitar os figurantes a rirem ou a baterem palmas, consoante convenha à dinâmica do programa. Na gíria chamam-se a esses profissionais dos aplausos - ridiculamente mal pagos! - os «macaquinhos».
Às vezes, olhando para reportagens, como as que as televisões transmitiram a partir de Évora sobre o congresso do novo partido, justifica-se questionar se o «menino guerreiro», e outros como ele, não têm contratos com as agências, que têm por negócio o fornecimento de quem se presta ao acatamento do que lhes mandam fazer os organizadores das festarolas.
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